Nota do Editor de ‘Intelnomics’:
O texto abaixo, sobre as bancarrotas da Alemanha, no século XX, e o perdão da sua
dívida pelos credores, chegou-nos por mail, sem indicação de autor. A matéria é,
contudo, suficientemente relevante para aqui se registar.
A Alemanha foi o
pior devedor do século XX. Só a sua insolvência dos anos 30 faz a actual dívida
grega parecer uma coisa insignificante, explica Albrecht Ritschl, da London
School of Economics: "No século XX, a Alemanha foi responsável pela maior
bancarrota de que há memória". Um perdão dos credores permitiu à Alemanha
não pagar a maior parte da dívida e ter várias dezenas de anos para, em suaves
prestações ir liquidando o remanescente...
Assinatura em Londres do Acordo de Perdão das Dívidas da Alemanha, a 27 de Fevereiro de 1953.
Em
1953, a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou Kaput,
ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país.
Tal qual como a Grécia actualmente. E, para a tirar do colapso, tudo ou quase
tudo lhe foi perdoado!
A
Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em
incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street. O
dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido.
Outros
16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra,
no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total
a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um
período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã.
O
resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a
Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o
Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a
Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a
Jugoslávia.
As
dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial.
Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos
gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como
recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.
Por
incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e
brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço
internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se
encontrava.
Ora
os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil
milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a
Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de
neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às
vítimas do exército alemão de ocupação.
As
vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas, 12 mil
abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração
na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis
roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.
Qual
foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da
Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios
históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida.
Além
de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e
congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois
destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da
chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e
algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota.
"Os
que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus
credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no
seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar
permanentemente as contas gregas em Atenas.
O
historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou
recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do
século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a
dívida grega de hoje parecer insignificante.
"No
século XX, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há
memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que
injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra
Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o
estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece
esquecido", sublinha Ritsch.
O
historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a
segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe
totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas.
A
Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros
países.
Por
isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das
dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve
atualmente.
Fazem
muito bem, mas e... os outros países vitimas do Nazismo?!
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