No 'governo' das relações transatlânticas, o 'tamdem' Trump-Macron substituiu o casal Merkel-Obama. A "Europa" tem um novo patrão que foi a Washington para garantir a "paz económica" euro-americana e afirmar-se como a única potência militar e estratégica de uma "Europa" sem Inglaterra.
Com a Inglaterra fora da "Europa" e a Alemanha de Merkel mergulhada num pântano político e a revelar uma fragilidade económica até há pouco insuspeita (excepto para os que haviam identificado os limites da estratégia nacional-mercantilista de Berlim), é à França que cabe o papel de interlocutor de Washington na "Europa".
A "nova Europa" (Estados da antiga "Europa de Leste"), organizada no Grupo de Visegrád e no quadro estratégico do Intermarium, adopta cada vez mais posições próprias, ignorando as directivas de Berlim/Bruxelas, a Itália procura desesperadamente um governo para apresentar e evitar mais um mergulho numa interminável crise de confiança, o governo de Madrid ocupa-se a apreender camisolas amarelas e mesmo o "resto" da soma começa a ter prioridades próprias.
Macron foi a Washington como patrão da Europa, com uma agenda muito preenchida e onde duas questões se destacam. Uma muito vistosa e mediática, a da enorme bagunça em que está transformado o Médio Oriente, e outra mais discreta e muito mais preocupante: a de safar a União Europeia da inevitável guerra económica que vai assolar os próximos tempos (um tema que dá suores frios a Merkel).
Neste (des)concerto, Washington precisa de saber o número de telefone para que valha a pena ligar... E só Paris tem condições para responder. Paradoxalmente, a estratégia austeritária e nacional-mercantilista de Merkel tem como corolário o voltar a colocar a França como centro estratégico da Europa (aqui sem aspas). Em Paris, ainda há muita gente que nem quer acreditar no que está a começar a ver...
Trump e Macron partilham talvez muito mais do que os separa. São ambos "populistas" (embora cada qual a seu modo), ambos se apresentaram contra a classe política instalada e ganharam e ambos ignoram ideologias ou credos e são apenas pragmáticos. A separá-los têm, sobretudo, o facto de Trump ter o dinheiro suficiente para não estar dependente de ninguém. O que está longe de ser o caso de Macron.
Por isso, pelas suas características e pelo jogo das circunstâncias, parecem fadados para se entenderem. Se, durante oito anos, o casal Obama-Merkel (com mais ou menos arrufos para consumo da plateia) governou as relações transatlânticas, tudo indica que esses tempos passaram mesmo à história e que agora é o "tamdem" Trump-Macron que vai estruturar o desenvolvimento das relações entre as duas margens do "Mare Nostrum" da NATO.
Macron foi a Washington como patrão da Europa, com uma agenda muito preenchida e onde duas questões se destacam. Uma muito vistosa e mediática, a da enorme bagunça em que está transformado o Médio Oriente, e outra mais discreta e muito mais preocupante: a de safar a União Europeia da inevitável guerra económica que vai assolar os próximos tempos (um tema que dá suores frios a Merkel).
Os verdadeiros resultados desta visita não constarão de comunicados oficiais e nem de declarações. Macron é o único aliado militar possível para Washington, nesta "Europa" sem Inglaterra. A França bate-se há anos contra os islamismos em África: na Nigéria (muito discretamente), no Mali, na RCA, etc.. Tem a posição europeia mais forte no xadrez médio-oriental. E, sobretudo, é o único Estado da UE que tem capacidade de projecção de forças, que tem serviços de inteligência sérios e dotados de meios e, sobretudo, que tem ânimo para se bater. Macron, continuando a política externa de Hollande que ele viveu por dentro, sabe bem o que precisa e o que pode dar em troca.
O seu êxito (ou não...) ver-se-à nos próximos meses, não agora em comunicados e declarações oficiais. O não dito é, neste momento, mais importante que o dito. Como não ditas são igualmente as posições de Moscovo, Londres ou Varsóvia. Mas o senhor Vladimir deve a esta hora estar a fazer figas, tal como a senhora Theresa e muita gente pelo Intermarium, pelo êxito da missão de Macron...
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