sábado, 4 de maio de 2019

A Alemanha face às próximas “Europeias”


O programa para as europeias da CDU/CSU assume um perfil mais "radical" (e muito diferente daquele vivido sob a gestão de Merkel) para assim procurar conter os populistas da Alternative für Deutschland (AfD)...


É isto que explica as novas formulações do seu programa sobre requerentes de asilo (com a intenção de reduzir o número de refugiados na Alemanha) e até mesmo sobre a possibilidade de reintrodução de “verificações” nas fronteiras com os Estados-Membros da EU (um tema que, no Verão passado, tinha causado uma profunda crise entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior Seehofer, da Baviera).

Os conservadores estão assim apostados em não parecerem "demasiado" europeístas, para poderem vencer o desafio com a AfD (que já não fala de uma saída imediata do euro, o chamado Dexit, mas que quer eliminar o Parlamento Europeu e entregar todas as suas responsabilidades aos Estados nacionais).

Assim, se para a CDU a Europa é, agora, "uma sólida associação de Estados, um espaço económico bem-sucedido e uma âncora da estabilidade global", para a AfD a Europa é uma "comunidade económica e de interesses de Estados soberanos".

Desta forma, enquanto a AfD se configura como uma força nacionalista em sentido estrito, fortemente identitária e 'soberanista', a CDU procura superar os anos Merkel com uma mistura de pragmatismo e lealdade à sua tradição europeísta mas injetando-lhe uma fortíssima dose de conservadorismo à velha moda alemã.

Assim, se os populistas sabem muito bem o que querem, os conservadores alemães não têm um programa político claro, embora se apresentem pouco distantes da AfD em matérias de reforma da União e partilhem o ceticismo, desconfiança e hostilidade contra as políticas sociais europeias.

O programa CDU/CSU assume ainda, de facto, uma ruptura clara com a França de Macron, cujo activismo na política externa é sentido com crescente impaciência por Berlim. E também aqui a posição da CDU/CSU se aproximou da posição da AfD...

Veja-se a análise italiana do site Atlante, do instituto Treccani, aqui:


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