O programa para as
europeias da CDU/CSU assume um perfil mais "radical" (e muito
diferente daquele vivido sob a gestão de Merkel) para assim procurar conter os
populistas da Alternative für Deutschland (AfD)...
É isto que explica
as novas formulações do seu programa sobre requerentes de asilo (com a intenção
de reduzir o número de refugiados na Alemanha) e até mesmo sobre a
possibilidade de reintrodução de “verificações” nas fronteiras com os
Estados-Membros da EU (um tema que, no Verão passado, tinha causado uma
profunda crise entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior Seehofer, da
Baviera).
Os conservadores
estão assim apostados em não parecerem "demasiado" europeístas,
para poderem vencer o desafio com a AfD (que já não fala de uma saída imediata
do euro, o chamado Dexit, mas que quer eliminar o Parlamento Europeu e entregar
todas as suas responsabilidades aos Estados nacionais).
Assim, se para a
CDU a Europa é, agora, "uma sólida associação de Estados, um espaço económico
bem-sucedido e uma âncora da estabilidade global", para a AfD a Europa é
uma "comunidade económica e de interesses de Estados soberanos".
Desta forma,
enquanto a AfD se configura como uma força nacionalista em sentido estrito,
fortemente identitária e 'soberanista', a CDU procura superar os anos Merkel com uma mistura de pragmatismo e lealdade à sua tradição europeísta mas injetando-lhe uma fortíssima dose de conservadorismo à velha moda alemã.
Assim, se os
populistas sabem muito bem o que querem, os conservadores alemães não têm um
programa político claro, embora se apresentem pouco distantes da AfD em
matérias de reforma da União e partilhem o ceticismo, desconfiança e
hostilidade contra as políticas sociais europeias.
O programa CDU/CSU assume
ainda, de facto, uma ruptura clara com a França de Macron, cujo activismo na
política externa é sentido com crescente impaciência por Berlim. E também aqui a posição da CDU/CSU se aproximou da posição da AfD...
Veja-se a análise
italiana do site Atlante,
do instituto Treccani, aqui:
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