terça-feira, 15 de outubro de 2019

Geopolítica ao Jantar

Falar com velhos amigos é sempre muito interessante e reconfortante. Quando temos um jantar com o melhor peixe fresco do mundo, um bom vinho e algum tempo, então, a coisa torna-se uma delícia. E se os nossos amigos forem gente versada na geopolítica e na geoeconomia temos momentos que valem por anos. Há dias, aconteceu-me um desses jantares. 

Nessa noite, a Turquia começava a alargar a sua fronteira sudeste e a entrar Síria adentro e já era claro que o motor económico (há muito parado...) da Europa está a entrar em recessão... 

Depois dos "que tens feito, ultimamente" e de recordar bons amigos ausentes, à pergunta "o que estás a achar disto", eu disse "esta Europa está feita um castelo de cartas pronto a desabar e qualquer coisita pode ser o 'click' para a queda...". 

Nem tive, porém, tempo para terminar com um "não quero dizer que tal aconteça necessariamente mas sim que pode acontecer e que, portanto, é preciso pensar o quadro estratégico de um plano B". O meu amigo tinha-me interrompido para completar "sim e a África está um cemitério e a América do Sul uma coisa entre o cemitério e o inferno". 

Aí, foi a minha vez de dizer "pois e, se o Médio Oriente é uma confusão embrulhada numa "chaos operation", a Turquia acaba de abrir a caixa de Pandora e ninguém sabe como ela pode ser fechada... Queres um café?"

JM


2 comentários:

  1. Sob a aparente complacência russa e o silencio da nato e Europa (UE) será que Erdogan não se prepara, qual 2º fundador do estado turco, para alargar as fronteiras a Sul ante as desgastadas e indisciplinadas Síria e Iraque e, assim, alargar as suas posições estratégicas e fortalecer as suas receitas com petróleo de que as perfurações em Chipre são um sinal?

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  2. A Turquia moderna (a do século XX) emerge, pela mão do general Kamal Ataturk, das ruínas do desmantelado império otomano e baseia-se num inovador pacto nacional e num novo posicionamento geopolítico. Erdogan impõe-se como uma espécie de sultão neo-otomano e toda a sua acção tem tido como resultado a destruição do pacto nacional e do posicionamento geopolítico em que Kamal Ataturk fundou a Turquia. As consequências de tudo isso podem muito bem passar por onde diz e por muito mais...

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