A morte súbita
(ataque cardíaco) do patrão das Forças Armadas argelinas escassas horas depois
de ter presidido à reunião do estado-maior que ordenou a prisão de vários
generais e oficiais superiores e desmantelou um golpe de estado em marcha pode
ter decapitado o aparelho militar argelino, a única instituição que ainda
funciona(va) na Argélia.
O general Gaid
Salah, um berbére de 79 anos que tinha entrada ainda adolescente na luta armada
pela libertação do país, destacou-se nos anos da guerra civil contra os
islamistas e foi durante muitos anos o grande apoio do eterno presidente
Bouteflika mas foi também quem, indo ao encontro de milhões de argelinos que
nas ruas se opunham ao decrépito e mumificado presidente, o mandou demitir-se.
Desde a queda de
Bouteflika, foi o general quem dirigiu, de facto, a Argélia dando liberdade de
actuação à Justiça para meter na cadeia os corruptos da família de Bouteflika
(o irmão deste está a cumprir 15 anos de prisão...), ex-primeiros-ministros e
ministros, dirigentes patronais e outras personagens que tais. Ao mesmo tempo,
preparou eleições presidenciais (realizadas no passado dia 12) e também
legislativas que deveriam realizar-se em breve... A sua última acção terá sido
o desmantelamento de um golpe que visava substituir o presidente eleito pelo
candidato que tinha ficado em 4º lugar.
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