A leitura deste quadro parece simples. Mas não é. E pode ser muito enganadora. Vejamos porquê.
À primeira vista, o quadro parece indicar uma forte decadência, durante o período 1999-2019, de países como os EUA, a França, a Inglaterra e mesmo o Japão e uma ascensão vertiginosa dos BRICS (Brasil, Rússia, India e, sobretudo, China).
Uma segunda leitura (mais informada e de grelha de leitura mais articulada) revela e mostra uma realidade contrária. A indústria automóvel foi a grande indústria-motora do modelo global saído da vitória americana na II Guerra. O automóvel e o petróleo organizaram tudo no mundo pós-1945. Organizaram a economia mas também o urbanismo e até os sonhos dos homens e mulheres... O modelo global em questão atingiu, porém, já o seu prazo de validade (daí, aliás, as aparentes incoerências da política externa americana...) e as suas indústrias-motoras deixam (deixaram) de ser... indústrias motoras!
O novo modelo global emergente (apesar de ainda ter muito por definir, nomeadamente a magna questão do seu centro hegemónico e daí o actual confronto estratégico China-USA) tem outras indústrias-motoras e novas formas de energia (veja-se neste mesmo período a evolução das maiores empresas americanas...). Portanto, automóvel e petróleo, exit! São actividades que o centro do modelo despreza agora e, consequentemente, atira para a sua periferia (onde os BRICS são campeões).
Assim, o quadro não
mostra a decadência ocidental mas a queda de um modelo global (que durou cerca
de seis décadas) e a emergência de um novo modelo global. E revela quem pilota
essa mudança e se prepara mais activamente para ser o centro do novo modelo
global (cuja hegemonia, porém, repete-se, ainda não está definida...).
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