Lúcio Vicente
Estamos a poucos dias de celebrar os 50 anos de Abril. Porém, Portugal é muito menos do que podia e devia ser. Os 123 mil milhões de euros, do OE de 2024, em impostos e contribuições, serão aplicados em nosso nome, a bem de todos mas com que objectivos? Que país seremos daqui a 10 anos?
Há dias (20 de Fevereiro) foi assinado em Antuérpia uma Declaração sobre o(s) novo(s) desafio(s) da Indústria na UE (antwerp-declaration.eu). O que disso pensa o futuro primeiro-ministro? Os nossos media nada disseram sobre essa Declaração. Estamos virados para dentro, para a pequena política, para o curtíssimo prazo. E a verdade é que não observamos nem estudamos quase nada do complexo quadro geopolítico. Os 45 mil milhões do PRR para que servem? Alguém discute, alguém debate?
Uma cegueira estratégica que nos custará caro. Até quando? Não esquecer que alguns foram lestos e rápidos a prescindir dos centros de decisão nacionais, pelo que o nosso futuro, como país, as nossas prioridades, no investimento e ordenamento do território, passam agora mais pela Vinci e pela Fosun do que pelo voto dos portugueses.
A terceira travessia do Tejo e o novo Aeroporto passam mais pela decisão em Paris, do que pelo Terreiro do Paço. Aqui ao lado, o reforço no capital da Telefónica pela Saudi Telecom, teve resposta no dia seguinte, pelo Estado Espanhol, que reforçou a sua posição de maior accionista da operadora. E nós?
Bem, por cá, os partidos apostam em demandas ideológicas maximalistas e extremistas e na pequena trica política, adiando a discussão dos grandes desafios que se colocam ao país.
Os políticos de hoje revelam pouca cultura e muito escassa preparação para governar Portugal. Não arriscam uma ideia e não têm nenhuma visão de futuro. Assim, se este quadro não mudar, seremos ultrapassados por quem perceba o elementar: planear o futuro e assegurar o presente.
Bem sabemos que agora o país espera pelo dia 10 de Março. Mas será muito triste perceber que pouco ou nada mudará, se não se quebrarem as viseiras ideológicas extremistas que comprometem a estabilidade e o consenso necessários para enfrentar as ameaças e abrir o caminho às oportunidades deste Portugal Atlântico e arquipelágico, abençoado pelo mar.
É urgente combinar as capacidades dos vectores militares e económicos, com uso dual, que a mediocridade política desconhece e ignora.
O actual quadro geopolítico é um grande desafio, para todos nós mas sobretudo para quem tem a obrigação de proporcionar a criação de riqueza e o progresso para aumentar o rendimento dos portugueses e garantir o futuro dos jovens em Portugal, que muito deles precisa, em todos os sectores: na política, na economia, nas ciências e na cultura.
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