O 4 e o 5 de Outubro são dias de Machado dos Santos, os dias em que a sua competência militar, a sua coragem e a sua intransigente determinação salvaram uma insurreição republicana à beira do desastre e fizeram nascer a República.
Membro
da Alta Venda (o directório da Carbonária, onde estava acompanhado por mais
dois elementos, Luz Almeida e António Maria da Silva), o oficial da Armada Machado dos
Santos, “jovem e de aspecto romântico, exercendo um importante papel de
coordenação operacional do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910,
acabou catapultado pela imprensa para o papel de Herói da Rotunda e Pai
da República.
A
sua incontestável heroicidade, principalmente quando organizou e manteve,
perante o aparente fracasso da revolução, a resistência no alto da Avenida da Liberdade (a
"Rotunda", sítio onde hoje se localiza a Praça do Marquês de Pombal)
está bem patente nos relatos da época e no seu próprio relatório dos
acontecimentos.
Eleito
deputado à Assembleia Constituinte de 1911,
foi dos primeiros a manifestar sinais de desencanto face ao andamento da
política na República, a qual se afastava rapidamente dos ideais de pureza
republicana dos seus defensores iniciais. Funda então o jornal O
Intransigente, que dirige, no qual expressa o seu desencanto.
Mantendo
o fervor revolucionário e conspirativo do período anterior à implantação da República Portuguesa,
passa da palavra aos actos, organizando ou participando nos movimentos
insurreccionais de Abril de 1913, de Janeiro de 1914, no Movimento das Espadas de 1915, na Revolta de Tomar de 1916 e no golpe
de 1917 que colocou Sidónio
Pais no poder.
No
Movimento das Espadas, quando vários oficiais militares descontentes com
o estado do país tentaram simbolicamente entregar as suas espadas ao Presidente
da República Manuel de Arriaga, teve um papel determinante, já
que ao deslocar-se ao Palácio de Belém para entregar a espada que usara
nos combates da Rotunda no dia 5 de Outubro de 1910, deitou por terra a
acusação de pró-monárquicos com que o Partido Democrático (no poder)
justificara a prisão dos oficiais amotinados.
Nesse
mesmo ano foi preso e deportado para os Açores durante a ditadura de Pimenta
de Castro.
Durante
a ditadura de Sidónio Pais foi feito senador e ocupou
as funções de secretário
de Estado das Subsistências e Transportes e secretário
de Estado do Interior (título usado pelos ministros do governo sidonista),
mas entrou em ruptura com Sidónio
Pais.
Em
1919, durante a Monarquia do Norte, voltou a salvar a
República ao contribuir para a derrota do grupo de revoltosos monárquicos
acampados na Serra de Monsanto. A 11 de Março esse ano foi
feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis.
Ainda
lança o Partido da
Federação Republicana, com que pretende continuar a sua intervenção
política, mas acaba por se retirar da vida política.
Morreu
assassinado na Noite Sangrenta de 19 de
Outubro de 1921.
Foi
vice-almirante,
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem
Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a título póstumo, a
4 de Setembro de 1926”.
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