quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

"Ambiente" com molho à espanhola...

Salvador Vicente


(Agradecemos ao leitor que nos enviou esta imagem... Não publicamos o comentário que a acompanhava porque o considerámos demasiado "subjectivo" e desadequado. 
A todos os leitores que nos queiram enviar fotos ou outros documentos ou apontamentos, manifestamos a nossa abertura para os publicar desde que se enquadrem nos nossos parâmetros editoriais e não tenham natureza ofensiva, mas sejam, sim, objectivos e fundamentados. Obrigado)


O ministro João Matos Fernandes está a precisar (muito) de tratar (muito) seriamente da sua imagem... O mesmo é dizer: da sua exposição política. À frente do Ministério do Ambiente, João Matos Fernandes tem aparecido, sobretudo, ligado a problemas espanhóis... Resolvidos, sempre, à medida dos desejos de Madrid. Ele é Almaraz, Alqueva e etc. e etc. e, agora, uma "ignota" mina de urânio, em cima da fronteira! Mas o ministro não tinha sido informado?! Ninguém no 'Ambiente' sabia de nada?! Então...

As funções de controlo do território (território marítimo, incluído) e dos seus recursos são, nos tempos que vivemos, de uma renovada e crescente importância estratégica. Não está hoje nada claro que um ministério como é o "Ambiente" tenha vocação para fazer qualquer dessas funções e muito menos está claro que seja capaz de o fazer. Independentemente, é óbvio, de quem seja o ministro. Porque a sua vocação é outra e muito mais específica. E que terá de ser muito bem (re)definida. 

"Espaço" e "tempo" são as coordenadas da estratégia. Assim um "território XXI" coloca a primordial questão de Estado de ter muito claramente definido que fazer com esse território e as gentes que o habitam. Como os defender, valorizar e desenvolver. 

Hoje, no "território XXI" nacional, o interior (ou seja, toda a zona que medeia entre o litoral e a fronteira com o Estado Espanhol) está a tornar-se uma zona de projecção de catástrofes espanholas, desde a caricata central nuclear de Almaraz aos desvios da água dos rios (que Espanha transforma em canos de esgotos a largar porcaria e poluição no território português) até a esta "clandestina" mina de urânio recentemente "descoberta"! 

São ameaças muito graves à nossa Segurança Nacional, ao bem-estar das populações e à integridade do nosso território. E tudo isto se passa em áreas do "Ambiente" e, com tudo isto, o ministro é apercebido pela opinião como compactuando e promovendo forma de "arranjar" as coisas à medida dos interesses e desejos de Madrid. Certamente que não é assim que o ministro gostará de ser recordado... Mas é a isso que se arrisca (já em certos círculos radicais lhe começam a chamar "o Vasconcelos do Ambiente"...) se não fizer um re-ajustamento da sua imagem e não passar a gerir a sua exposição política de modo eficiente. 

"Em política, o que parece, é", dizia um espertalhão da táctica política (mas a quem faltava tudo de perspectiva estratégica e de saber o que fazer com o "território XX" de então e que, por isso, deixou território e gentes mergulhados no mais miserável subdesenvolvimento). Portanto, não se esqueça, João, "o que parece, é"... O mesmo é dizer, numa linguagem mais conceptualizada, que as percepções têm frequentemente um peso maior do que as realidades a que se referem. Ou seja, as percepções são críticas. E, por isso, têm de ser geridas. Boa sorte nisso!

Nota Editorial: Como o leitor deve ter notado, este 'post' marca o início da actividade de um novo colaborador, Salvador Vicente. A equipa 'Intelnomics' está a reforçar o seu quadro. Até ao próximo Verão, contamos com a entrada de mais reforços para áreas específicas: Defesa Nacional, Mar, Guerra de Informação, Lusofonia e Ciber. Salvador Vicente vai seguir "tudo o que é Ambiente" usando, na abordagem das problemáticas, uma nova grelha de leitura, com conceitos da geopolítica, da guerra económica e da guerra de informação. Temos a certeza que ele irá marcar a diferença.

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