Previam mais de mil “pontos de encontro” e
esperavam um total de 50 mil participantes. Tiveram mais de 300 mil
participantes e todos os “pontos de encontro” alcançaram o seu objectivo de ser
um ponto de “disruption”
do sistema de circulação. Pararam a França. Fizeram o que nenhuma força
política ou sindical teria sido capaz de fazer. Movimento espontâneo e
descentralizado com uma ‘organização’
ad-hoc, os ‘Gilets Jaunes’ (nome dos coletes de trânsito obrigatórios em
cada carro) deram este sábado um arzinho do que a França sabe fazer quando lhe
dá uma irreprimível vontade de cantar a ‘Marselhesa’, até debaixo das janelas
do palácio de Macron. O fosso entre “representantes” (os políticos
profissionais) e os “representados” (os eleitores) alargou ontem mais uns
quantos quilómetros... E a desconfiança em relação aos media ‘mainstream’ mostrou
ser muito superior às piores previsões.
Muito, muito interessante é o facto de
tanto a forma de organização como o trabalho prático dos “Gilets Jaunes” não encontrarem
qualquer teorização prévia na produção teórica francesa mas corresponderem
totalmente a conceitos desenvolvidos por um autor americano que os leitores do
IntelNomics, certamente, conhecem bem. Ontem e pela primeira vez no Ocidente,
podemos ver em acção os conceitos de “open source insurgency” e de “systems disruption”
desenvolvidos nos últimos 20 anos pelo nosso velho amigo John Robb...
COMO NASCEU O MOVIMENTO DOS “GILETS JAUNES”
Ghislain
Coutard (camionista, de Narbonne, 36 anos) lança a 24 de Outubro um curto
vídeo (1m20s) a apelar à mobilização dos franceses para bloquear a França, no
sábado, 17 Novembro. “Para mostrar que não é só o futebol que nos pode reunir e
que estamos fartos de ser enrabados”. No seu filme, o camionista elege um “instrumento
de trabalho” (o obrigatório colete) como símbolo e código de cor da revolta... O vídeo tornou-se viral e
ontem a França parou, bloqueada pelos “Gilets Jaunes”.
Sem comentários:
Enviar um comentário