O movimento anti-extradição de Hong-Kong, desde
9 de Junho, tornou-se o "cisne negro" da China Popular, escreve Willy
Lam em "Chine:
un régime à bout de souffle, une machine d’État enrayée", na 'Conflits' e na AsiaNews: "China will not send soldiers
to Hong Kong before October".
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
terça-feira, 20 de agosto de 2019
Leituras e Releituras deste Verão
José Mateus
Aprendi, desde muito pequeno, com homens e mulheres da minha família, que "é pecado" perder tempo. "Cada hora que percas nunca mais a agarras", disse-me uma vez a minha avó Luzia. Por isso, há que aproveitar esta calma que o Verão traz para fazer o que dificilmente haverá oportunidade para fazer em "tempo normal". Coisas que requerem disponibilidade de tempo e de espírito, como certas leituras e releituras.
Das releituras, parece-me ter chegado a hora de "A Próxima Década", do George Friedman, obra escrita em 2010 e editada em 2011, agora que tal década está a chegar ao fim. O que é este "mago da geopolítica" antecipa realmente (um presidente como Trump, por exemplo) e o que não viu ou falhou (a 'economic warfare' da China, por exemplo).
Outra releitura que se impõe (e esta pode ir para a esplanada da praia) é a do romance de Paulo Reis, "Operação Negócios Privados", uma narrativa que mergulha nas mais fundas entranhas do Portugal dos inícios deste século como nenhuma outra o fez. Dizia-me há tempos alguém que "é preciso ler o Paulo Reis para perceber o nosso país, para perceber o que o ameaça, o que o defende e como se tem defendido"...
Das novas leituras, destaco a actualização (a sair já no princípio de Setembro) do "Manuel d'Intelligence Économique", sob a direcção do meu amigo Christian Harbulot. Os desenvolvimentos registados na guerra económica (a tal que se faz em tempos de paz...), na guerra de informação (com o aproveitamento do aumento exponencial das vulnerabilidades na segurança da informação...) e no ciber sugerem boas "actualizações" deste manual.
"The Germany Illusion", de Marcel Fratzscher (prof. da Universidade Humboldt, em Berlim, presidente do instituto de pesquisa económica DIW Berlin e ex-chefe de International Policy Analysis do BCE), é indispensável para perceber a visão distorcida que a Alemanha cultiva sobre si mesma e sobre a sua relação com a "Europa" e para identificar e conhecer vulnerabilidades e outras fragilidades (hoje totalmente na ordem do dia...) desta potência falhada (demasiado grande para a "Europa" e demasiado pequena para o mundo...) ou, como avisava Helmut Schmidt, pouco antes da sua morte, sobre as tentações de potência de Berlim, "estas coisas começam sempre bem para a Alemanha e acabam sempre mal".
Como se pode concluir, analisando estas obras e os seus autores, é óbvio (e cito de memória um amigo meu) que estou muito mais interessado no que vai (ou pode...) acontecer do que naquilo que eu gostaria que acontecesse... E, com esta notícula, aqui vos deixo o que me vai ocupar os neurónios nas próximas semanas.
Boas leituras para todos os apreciadores... Aproveitem esta calma do Verão.
Ainda a tempo: no banco de trás do carro anda, já há uns bons 15 dias, o senhor Hugo Pratt, com as suas "Les Celtiques", à espera que eu meta conversa com ele e o seu filho Corto Maltese... Ah, querido fratello Hugo, está tranquilo, vamos passar uns serões juntos e só é pena (muita pena, mesmo) já não podermos passear à noite por Lisboa e ir ouvir a Cristina cantar-nos o fado...
Como a Esquerda Ocidental Perdeu o Jogo...
Robert Pfaller, um universitário austríaco, põe a nu a
miséria teórica e o percurso errante da esquerda "pós-modernista",
numa entrevista muito crítica, tanto da "esquerda de governo" como da
"esquerda de contestação". A entrevista tem ainda o curioso (ou nem
tanto...) interesse de ser uma iniciativa da agência iraniana ILNA...
Postmodernism: The Ideological Embellishment of
Neoliberalism
Robert Pfaller interviewed by Kamran Baradaran, via
ILNA | Aug.11, 2019
"This is how the left became “cultural” (while,
of course, ceasing to be a “left”): from now on the marks of distinction were
produced by all kinds of concerns for minorities or subaltern groups. And
instead of promoting economic equality and equal rights for all groups, the
left now focused on symbolic “recognition” and “visibility” for these groups...
Thus not only all economic and social concerns were sacrificed for the sake of
sexual and ethnic minorities, but even the sake of these minorities itself.
"
Robert Pfaller is one of the most distinguished
figures in today's radical Left. He teaches at the University of Art and
Industrial Design in Linz, Austria. He is a founding member of the Viennese
psychoanalytic research group ‘stuzzicadenti’. Pfaller is the author of books
such as "On the Pleasure Principle in Culture: Illusions Without
Owners", "Interpassivity: The Aesthetics of Delegated
Enjoyment", among others. Below is the ILNA's interview with this
authoritative philosopher on the Fall of Berlin Wall and "Idea of
Communism".
The ideology of postmodernism is to present all existing injustice as an effect of discrimination; Robert Pfaller tells ILNA
The ruling ideology since the fall of the Berlin Wall,
or even earlier, is postmodernism. This is the ideological embellishment that
the brutal neoliberal attack on Western societies' welfare (that was launched
in the late 1970s) required in order to attain a "human",
"liberal" and "progressive" face.
ILNA: What is the role of “pleasure principle” in a
world after the Berlin Wall? What role does the lack of ideological dichotomy,
which unveils itself as absent of a powerful left state, play in dismantling
democracy?
Until the late 1970s, all "Western"
(capitalist) governments, right or left, pursued a Keynesian economic policy of
state investment and deficit spending. (Even Richard Nixon is said to have
once, in the early 1970ies, stated, "We are all Keynesians"). This
lead to a considerable decrease of inequality in Western societies in the first
three decades after WWII, as the numbers presented by Thomas Piketty and Branko
Milanovic in their books prove. Apparently, it was seen as necessary to appease
Western workers with high wages and high employment rates in order to prevent
them from becoming communists. Ironically one could say that it was precisely
Western workers who profited considerably of "real existing
socialism" in the Eastern European countries.
At the very moment when the "threat" of real
existing socialism was not felt anymore, due to the Western economic and
military superiority in the 1980ies (that led to the fall of the Berlin Wall),
the economic paradigm in the Western countries shifted. All of a sudden, all
governments, left or right, pursued a neoliberal economic policy (of
privatization, austerity politics, the subjection of education and health
sectors under the rule of profitability, liberalization of regulations for the
migration of capital and cheap labor, limitation of democratic sovereignty,
etc.).
Whenever the social democratic left came into power,
for example with Tony Blair, or Gerhard Schroeder, they proved to be the even
more radical neoliberal reformers. As a consequence, leftist parties did not
have an economic alternative to what their conservative and liberal opponents
offered. Thus they had to find another point of distinction.
This is how the left became "cultural"
(while, of course, ceasing to be a "left"): from now on the marks of
distinction were produced by all kinds of concerns for minorities or subaltern
groups. And instead of promoting economic equality and equal rights for all
groups, the left now focused on symbolic "recognition" and
"visibility" for these groups. Thus not only all economic and social
concerns were sacrificed for the sake of sexual and ethnic minorities, but even
the sake of these minorities itself. Since a good part of the problem of these
groups was precisely economic, social and juridical, and not cultural or
symbolic. And whenever you really solve a problem of a minority group, the
visibility of this group decreases. But by insisting on the visibility of these
groups, the policies of the new pseudo-left succeded at making the problems of
these groups permanent - and, of course, at pissing off many other people who
started to guess that the concern for minorities was actually just a pretext
for pursuing a most brutal policy of increasing economic inequality.
ILNA: The world after the Berlin Wall is mainly
considered as post-ideological. Does ideology has truly decamped from our world
or it has only taken more perverse forms? On the other hand, many liberals
believe that our world today is based on the promise of happiness. In this
sense, how does capitalism promotes itself on the basis of this ideology?
The ruling ideology since the fall of the Berlin Wall,
or even earlier, is postmodernism. This is the ideological embellishment that
the brutal neoliberal attack on Western societies' welfare (that was launched
in the late 1970s) required in order to attain a "human",
"liberal" and "progressive" face. This coalition between an
economic policy that serves the interest of a tiny minority, and an ideology
that appears to "include" everybody is what Nancy Fraser has aptly
called "progressive neoliberalism". It consists of neoliberalism,
plus postmodernism as its ideological superstructure.
The ideology of postmodernism today has some of its
most prominent symptoms in the omnipresent concern about
"discrimination" (for example, of "people of color") and in
the resentment against "old, white men". This is particularly funny
in countries like Germany: since, of course, there has been massive racism and
slavery in Germany in the 20th century - yet the victims of this racism and
slavery in Germany have in the first place been white men (Jews, communists,
Gypsies, red army prisoners of war, etc.). Here it is most obvious that a
certain German pseudo-leftism does not care for the real problems of this
society, but prefers to import some of the problems that US-society has to deal
with. As Louis Althusser has remarked, ideology always consists in trading in
your real problems for the imaginary problems that you would prefer to have.
The general ideological task of postmodernism is to
present all existing injustice as an effect of discrimination. This is, of
course, funny again: Since every discrimination presupposes an already
established class structure of inequality. If you do not have unequal places,
you cannot distribute individuals in a discriminating way, even if you want to
do so. Thus progressive neoliberalism massively increases social inequality,
while distributing all minority groups in an "equal" way over the
unequal places.
Interview by: Kamran Baradaran | INLA
domingo, 18 de agosto de 2019
Leituras e Coisas de Verão...
Basta um homem estar atento para, onde menos
espera, encontrar incitamento ao saber e ao conhecimento. Como neste muito
kantiano "Sapere Aude"... encontrado onde Kant nunca o procurou.
Porém, é conveniente ter sempre presente o
"Caute" que acompanha a rosa do nosso querido S. Bento de... Spinosa. Aquele de quem
um certo G. W. Friedrich Hegel uma vez disse: "The fact is that Spinoza is
made a testing-point in modern philosophy, so that it may really be said: You
are either a Spinozist or not a philosopher at all."
Sobre o significado do Caute que acompanha a Rosa, uma explicação (muito simples e um tanto ingénua...) é apresentada aqui: https://www.facebook.com/spinozaetnous/posts/1687237231589847/
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Lei do assédio sexual em França: Um ano depois, o que falta fazer?
A advogada
luso-francesa Alice Mateus ("velha" colaboradora da equipa
"Intelnomics") entrevistada por Neidy Ribeiro, da RFI - Radio France
Internationale, explica os objectivos mas sobretudo as falhas e limitações
desta lei.
RFI | 08/08/2019
A França adoptou em Agosto de 2018 o projecto de lei contra o assédio nas ruas. Um ano depois a advogada portuguesa a residir em França, Alice Mateus, reconhece que de nada servem as alterações à lei se os organismos que a aplicam no terreno não forem financiados.
O diploma visa reforçar a repressão de violações e outros abusos sexuais cometidos sobre menores, prolongar o prazo de prescrição para o julgamento de certos crimes, quando estes são cometidos sobre menores, e reforçar a repressão do assédio sexual ou moral, mas...
http://m.pt.rfi.fr/franca/20190808-assedio-sexual-um-ano-depois-o-que-falta-fazer?fbclid=IwAR3R-fUIbm0DzQw6qa8pn4YOzHVFCm0flZif9vNH7D7mQWHI2rOjFiUz12A
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
Pedofilia e tráficos sexuais: o escândalo que ameaça elites financeiras e políticas
O bilionário Jeffrey Epstein, cujos
dias parecem estar contados para não chegar a falar em tribunal, é o detonador,
já accionado pela Justiça americana, de uma autêntica bomba atómica que ameaça
abater-se sobre elites dos mundos financeiro e político, revelando ainda
obscuras e muito significativas cumplicidades entre essas duas elites.
O inglês ‘Guardian’ e a francesa ‘France
24’ apresentaram o escândalo da forma que se pode apreciar neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EhgSoddkgvg
Mas isto é apenas uma “apresentação”
que se pode dizer “light e isenta de glúten”... A russa ‘RT’ foi mais longe, muito
mais, como se pode ver, na sua emissão em inglês, aqui: https://www.youtube.com/watch?time_continue=28&v=RaQv2mpANfA
Quem disse que em Agosto só há “estórias”
estúpidas? Há é jornalistas muito mainstream e preguiçosos...
domingo, 4 de agosto de 2019
Camionistas: Um Jimmy Hoffa à Portuguesa
É
uma espécie de Jimmy Hoffa à portuguesa, embora com um percurso completamente
diferente. Ambos, porém, chegaram a “patrões” dos camionistas e ambos decidiram
usar essa posição para construir o poder de disrupção do funcionamento de um
país, ganhando assim a capacidade de tomar todo o
País e sua população como refém. Outra diferença entre os dois é que Hoffa saiu
de cena, já há largos anos (não se sabe como saiu mas, tudo o indica, saiu mal), enquanto Pedro Pardal Henriques sai em manchetes e aberturas de telejornal.
O
Diário de Notícias pintou-lhe, a pinceladas grossas, o retrato: Quem
é o advogado de Maserati que dirige os camionistas
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
Crise do Médio Oriente Agrava-se e Israel Prepara-se para a Guerra
This is how the IDF prepares for war
07-31-19 INN - The IDF is preparing for the possibility of a
significant escalation in the south. Chief of Staff, Maj. Gen. Aviv Kochavi,
issued instructions when he took office that the IDF would increase its
readiness for a military campaign in the Gaza Strip.
The readiness process involves a partnership of all
bodies in the General Staff headed by the Southern Command. The process focuses
on increasing the breadth of General Staff goals, empowering intelligence,
linking field units with real-time intelligence, regional organization,
training, and extensive logistical effort.
The process of increasing readiness was carried out on
several levels. The first was battle conduct; In the first half of 2019 a full
procedure for battle conduct was carried out by the Southern Command and the
General Staff with all the field units to fight in the Gaza Strip.
In addition, as part of campaign readiness, the
Intelligence Division, in cooperation with the Southern Command, increased the
range of targets for war, while building fire plans tailored to the campaign.
Another tier was developed in the last six months,
when the Southern Command developed a specialized training program addressing a
combat scenario in the South. The program included battalion fire exercises
called the Southern Command Test based on criteria specific to combat in the
Gaza Strip.
Over the course of the first half of 2019, 30 such
exercises were conducted. In addition, the Coiled Spring course was held, which
trained commanders from the company level and above using a virtual reality
simulation, simulating the expected combat conditions in the Gaza Strip and
emphasizing the enemies' preparedness.
About two weeks ago, a large-scale exercise was
performed that examined the effectiveness of commanders in combat. Eight
divisional commanders, hundreds of reserve personnel, air force and naval
forces from the Ashdod arena participated in the exercise.
In recent months, a concentrated effort has been made
to organize civilian and military space on the border of the Gaza Strip, led by
the Gaza Division's engineering forces. The efforts have been made with the
knowledge that a shift from routine to emergency scenario in the region can
happen very quickly.
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