terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Angola: “Ninguém colocou ainda a questão decisiva: onde pára a República Popular da China?”


O caso Isabel dos Santos, com mais ou menos “Luanda Leaks”, mais ou menos “jornalistas” e hackers, mais ou menos magistrados e polícias em modo ‘naif’, é obviamente uma guerra de informação ao serviço de uma guerra económica pelo controlo de Angola e dos seus imensos recursos. A “princesa” é eleita para alvo desta guerra de informação por ser identificada como o elo fraco de uma vasta cadeia informal de comando e controlo. Para Portugal, que de forma angélica alinha nesta guerra de informação, a guerra económica em curso terá altos custos que, facilmente, podem mesmo vir a ser, insuportavelmente, gigantescos. Paulo Casaca, do seu ‘observatório’ de Bruxelas, parece ser o único observador a perceber que este caso traz (muita) água no bico e a atrever-se a pôr o dedo na ferida... Afirma Casaca:

“O papel estratégico essencial de Angola em Portugal foi o de servir de intermediário à penetração chinesa e, numa altura em que começa o ambicioso programa de privatização anunciado pelas autoridades angolanas, esse papel tenderá a ser maior. O romance ‘Isabel dos Santos’ deve ser assim lido nessa perspectiva. Acima dos desvios ou roubos descarados, os principais jogadores são os que têm dimensão geopolítica. A título de exemplo, na actual campanha montada sobre ‘Isabel dos Santos’ ninguém ainda colocou a questão decisiva: onde pára a República Popular da China?”

Como sabemos, Angola, e nomeadamente a SONANGOL, foi uma das vias utilizadas pela RPC para tomar conta do nosso país, no caso em apreço, da principal petrolífera portuguesa. Se Isabel dos Santos limpou a conta da SONANGOL assim que foi demitida, como terá sido visto isso na RPC? (...)

Mesmo de acordo com a documentação da ‘Luandaleaks’ podemos ver que a empresa acusada de receber o dinheiro da Sonangol no Dubai é gerida por uma portuguesa ex-quadro da ESCOM. ESCOM que, lembre-se, foi a empresa do Grupo Espírito Santo onde foi arquitectado o negócio dos submarinos, que tinha uma ligação preferencial a Sam Pa – principal quadro chinês nas relações com Angola, caído em desgraça em 2015 – e que também iniciou a ligação luso-venezuelana." ...

Ver o (muito interessante) restante aqui:
https://www.jornaltornado.pt/portugal-e-a-adulteracao-do-interesse-publico/
 

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