José Mateus
A síntese (brilhante) do que é preciso entender sobre as relações deste "pobre Portugal" com a China, "o maior tigre asiático", está está hoje estampada no Correio da Manhã e assinada pelo meu velho amigo Octávio Ribeiro, a quem felicito pelas raras qualidades de inteligência, lucidez e coragem. Eu, se for necessário, sou voluntário para assinar por baixo... E não serei o único. Forte abraço, Octávio.
" O Estado-Deus
Portugal continuará a ser vendido em saldo ao maior tigre asiático. Que outro país europeu aceitaria entregar a um só Estado terceiro o controlo do setor da energia, EDP e REN; o domínio dos seguros, Fidelidade; uma presença crescente na saúde privada, Luz Saúde; mão forte na banca, Millennium BCP? Só este nosso pobre Portugal.
Octávio Ribeiro | Correio da Manhã | 02 Maio 2021
Se juntarmos ainda várias relevantes concessões na área das águas, dois centros
armazenistas gigantes – Vila do Conde e Porto Alto -, investimento estratégico
no domínio imobiliário e garras afiadas para o Porto de Sines, fica traçado o
destino de Portugal para este século: vamos tornar-nos uma província chinesa no
Ocidente da Europa. A cereja no topo deste venenoso bolo é a penetração
preferencial da Huawei nas comunicações móveis, com todos os riscos agregados
ao 5G.
Enquanto a União Europeia se comportar como uma imensa Suíça no tabuleiro
geoestratégico, Portugal continuará a ser vendido em saldo ao maior tigre
asiático. Enquanto, por cá, não se promover a reindustrialização e não se
acarinharem os grupos económicos portugueses, continuaremos à mercê de uma
paciente estratégia de expansão gizada em Pequim.
Enquanto estende as suas garras pelo terceiro mundo, o regime de Xi Jinping
continua obstinado em consolidar um novo conceito de Estado. Com o controlo
sobre as ações e o pensamento individuais – graças à profusão de dispositivos
de reconhecimento facial nos locais públicos e ao controlo cada vez mais eficaz
de todos os mecanismos de comunicação digital -, é o conceito de Estado-Deus o
que a China está a ensaiar. Uma organização coletiva onde o homem não pode
sequer sonhar sem o escrutínio prévio do partido único, cada vez mais forte,
com militantes cada vez mais numerosos. No fanatismo de sempre.
Não é aos chineses pobres, embalados na maior diáspora da História, que estamos
a vender as joias do nosso país, para enriquecimento de um punhado de
traidores. É diretamente aos dedos das mãos de Pequim, que depois se unirão
para nos estrangular a Liberdade. "
Não foi preciso o vírus chinês para nos infectar. Já estávamos antes infectados pelo expansionismo chinês.
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