José Mateus
A Vodafone Portugal foi posta KO por uns dias e todo o sistema português de comunicações foi afectado. E não se sabe que e quantos assaltos, saques, disrupções, interferências e outras piratarias aconteceram enquanto a “anormalidade” durou… Mas o caso Vodafone – uma operação, pelo que já se percebeu, sofisticadíssima e utilizando meios e recursos invulgarmente poderosos e sofisticados - foi apenas a mais visível (pois não era possível ocultá-lo) das muitas “anormalidades” acontecidas nas últimas semanas.
Boa parte delas (a imensa maioria) talvez não sejam sequer jamais detectadas ou apenas o serão por acaso e quando já for demasiado tarde.
Por isso, gostava de saber quantos decisores portugueses (políticos, económicos, etc) terão lido ou sequer olhado para este Cyber Power Report, do IISS… Ou para qualquer outro do género. Gostava de o saber… Por mera curiosidade, claro!
O “factor humano” é crítico. Muito crítico. Sempre. Mas no campo do ciber (e da sua segurança…), de que depende já, hoje, a nossa vida quotidiana, o factor humano é ainda mais crítico.
Claramente, a República não dispõe, hoje, de meios próprios para tratar adequadamente este tipo de ameaças. É uma grave lacuna na nossa soberania nacional: vulneráveis ao ataque e sem suficiente capacidade de defesa, numa dupla dependência face ao exterior. Há aqui um grave problema de Defesa Nacional. De uma urgência extrema. A República, porém, se não dispõe dos meios necessários, tem à sua disposição, contudo, o talento e um know-how nacionais que até agora tem (estranhamente) ignorado.
É talvez altura de alguém credenciado e responsável começar a falar com uns “chapéus brancos” (mas mesmo brancos!)... Quando descobriram, há já muitos anos, o estranho mundo do ciber e os problemas da sua segurança, o Congresso americano, o DoD, a CIA e outros não hesitaram em chamar “gente de fora” para os ouvir. Foi, por exemplo, o caso do John Robb que tinha escrito, sobre decisões políticas na matéria, o que o Maomé não ousara dizer do toucinho…
Os próximos ministros da Defesa Nacional e do Interior têm aqui muito que fazer. E o Parlamento tem muito a estudar e legislar, devendo talvez começar por olhar para a totalmente desprotegida situação de aparelhos críticos e operadores de importância vital, essenciais não à soberania nacional como indispensáveis ao quotidiano dos Portugueses (há, nesta matéria, legislação de Estados ocidentais - USA ou França, por exemplo – que vale a pena conhecer e estudar...).
Se falharem, mais tarde ou mais cedo serão julgados por isso e, muito certamente, severamente condenados (politicamente, claro).
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