domingo, 26 de agosto de 2018

Espanha é a principal porta de entrada dos “migrantes” na Europa

“Bombardearam” a polícia espanhola com “cocktails” improvisados de ácidos e de cal (e também excrementos humanos), para os manter à distância enquanto escalavam as “muralhas” de Ceuta e assim ganhavam a sua “entrada na Europa”.


Numa explosão de alegria, correram pelas ruas, desfraldaram uma bandeira da União Europeia e um ainda teve tempo de gritar, para uma câmara de televisão, “on est des militaires”... Essa condição militar explicaria, aliás, a boa forma física destes migrantes e a sua capacidade para “bombardear” os polícias espanhóis, fazendo-lhes 7 feridos e conseguindo mantê-los à distância.



Somando os que forçam a entrada em Ceuta e os que chegam por mar às praias espanholas, a Espanha tornou-se já (depois de Salvini fechar os portos italianos) a principal porta de entrada dos migrantes na Europa. O desejado destino final é, porém, outro que não a Espanha: a Alemanha...



VÍDEO: Ceuta, une centaine de migrants forcent la frontière entre le Maroc et l'Espagne:
https://www.youtube.com/watch?v=L7qzS3QkBHA



Itália: Estará Trump a Sabotar o “Projecto Europeu”?

Ao incentivar a acção do governo italiano, alvitrando a compra de dívida italiana pelos EUA, Trump estaria a procurar sabotar o projecto europeu, temos visto escrito, nestes últimos dias. Isso, porém, seria, parece-nos, apenas chover no molhado. Ou seja, uma acção absolutamente desnecessária. Expliquemo-nos.

Trump não precisa de incentivar o ex-comunista, que manda na Itália, a destruir o "projecto europeu" (seja lá isso o que for e que nas últimas duas décadas tem sido apenas o império do ordo-liberalismo 'made in Germany').

Juncker, Merkel e seus gauleiters 
(como o inenarrável Coelho de Massamá) já trataram de sabotar esse tal “projecto europeu”... Portanto, não é preciso que os italianos com o apoio de Trump venham agora refazer o que Juncker, Merkel e seus gauleiters já trataram de fazer. 
Ao menos (oh paradoxos! ou de como a geopolítica escreve direito por linhas tortas), ao contrário do pobre Obama, Trump não tem obedecido aos arcaicos e irracionais desígnios ordo-liberais da frau que veio do frio.

E isso tem criado momentos de respiração para Estados como Portugal. Repare-se nas “coindidências”. Após um ano de presidência de Trump, apareceu logo a decisão de tirar a Grécia da “solitária”. Também o segundo orçamento de Centeno já não teve de passar as passas do Algarve, em Bruxelas, e o trabalho do ministro já não foi tratado por cima da burra.

E, mesmo se apenas como efeito colateral, a “Trumpice” cria também uma margem de manobra geopolítica que aproveitada com inteligência pode abrir espaços até agora inconcebíveis... 
Salvini e Conte foram, aliás, dos primeiros a perceber isto. E daí a visita do primeiro-ministro italiano à Casa Branca, logo depois de tomar posse.

Mais, pode-se hoje dizer, sem grande margem para errar, que o mundo que engendrou o "projecto europeu" simplesmente já não existe. 


A Salvini e Conte não é a Europa que os preocupa. É a Itália...  E a Trump o que o preocupa, quanto à Itália, é o que sempre foi, desde 1945, a preocupação de Washington e que pouco tem a ver com “Europa”: impedir que Roma caia na órbitra de Moscovo.

sábado, 25 de agosto de 2018

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Le Monde: Zona de Impunidade para ‘Narcos’, o Sul de Espanha Vai Ser a Medellin da Europa

O sul de Espanha vai ser como a colombiana Medellin, escreve a enviada especial do Le Monde às praias espanholas junto a Gibraltar.

En Espagne, le sentiment d’impunité des "narcos"


A la frontière avec Gibraltar, les trafiquants de haschisch, mieux équipés et plus nombreux que les agents de la garde civile, œuvrent en plein jour.

Le Monde | 23.08.2018 à 06h24 | Par Sandrine Morel  (La Linea de la Concepción, Espagne, envoyée spéciale)



Enveloppés par la brume matinale, une vingtaine de trafiquants de drogue déchargent sur le sable une cargaison de haschisch sur la plage du Tonelero, ce mardi d’août. Elle vient d’arriver du Maroc à bord d’une embarcation semi-rigide, et ultrarapide. Ils la transportent sans traîner vers trois 4x4 stationnés à quelques mètres de là, sous l’œil presque blasé des rares promeneurs matinaux. Il est 7 heures. De là, les colis partent vers une «garderie», nom donné aux entrepôts où la drogue sera stockée, le temps d’être convoyée vers ses différents destinataires européens.

C’est une scène habituelle à La Linea de la Concepcion, relatée entre deux faits divers sur la chaîne locale Canalsur. Les bornes de ciment installées en décembre 2017 sur le sable pour empêcher les véhicules d’aller chercher la drogue au bord de l’eau n’ont pas suffi pour arrêter les va-et-vient des trafiquants.

Les «narcos» espagnols ont fait de cette ville, située à la frontière avec Gibraltar, leur territoire. Au grand dam des institutions, de la police et de la garde civile, mais pas toujours de la population, qui les excuse en rappelant les chiffres du chômage sur cette commune andalouse – près de 35 % des actifs et 70 % chez les jeunes.

Depuis des mois, l’Espagne fait face au sentiment d’impunité des trafiquants de drogue et à leur radicalisation. Fini le temps où les membres des clans familiaux, héritiers des premiers contrebandiers de tabac entre l’Espagne et Gibraltar, attendaient que la nuit tombe pour agir, transportaient la marchandise dans les cales de bateaux de pêche et la jetaient par-dessus bord lorsqu’ils apercevaient la police.

«Ça va devenir Medellin»

A présent, les «narcos» du Campo de Gibraltar, la région formée des sept communes qui bordent la baie d’Algésiras, affrontent les agents et les narguent en plein jour avec davantage de moyens et d’effectifs qu’eux. En 2017, 70% du haschisch saisi en Europe l’a été en Espagne,...

https://www.lemonde.fr/europe/article/2018/08/23/en-espagne-le-sentiment-d-impunite-des-trafiquants-de-haschisch_5345218_3214.html

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O regresso do Estado soberano


O editorial do ‘Jornal Económico’, edição de 24 Agosto 2018, assinado por Ricardo Santos Ferreira, é uma peça notável, uma excepção de lucidez neste obscuro e pobre panorama da nossa imprensa “económica”. Aqui se regista.

O regresso do Estado soberano


Para muitos comentadores, temos assistido, nos tempos recentes, a uma deriva populista, autoritária, em muitos países do Ocidente, reflexo da crise financeira e económica. Ou, como diz George Friedman, porque se chega à conclusão de que o processo de globalização não beneficiou a todos por igual.

Seria isto a explicar a ascensão da Liga e do Cinco Estrelas em Itália, de Viktor Orban na Hungria, da direita na Áustria, na República Checa ou na Polónia, ou de Donald Trump nos Estados Unidos da América. Pode ser também um reflexo mais profundo, uma reação aos conceitos desenvolvidos a partir do final da “guerra fria”, de um quadro internacional regulado pelo direito e na interiorização da ideia de comunidade internacional. Esta teria sido a era do soft power, como definida por Joseph Nye nas páginas da “Foreign Policy”, há já 30 anos, como um tempo em que as democracias ocidentais eram capazes de impor a sua vontade sem necessidade de recurso ao uso da força. Esta ideia de comunidade internacional ganhou corpo no reforço de instituições supranacionais como a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio ou o Tribunal Penal Internacional.

Só que, o ponto de onde olhamos a realidade condiciona-nos e a deriva pode ser, afinal, este período que sucedeu ao mundo bipolar, que Francis Fukuyama glosou como “o fim da história”, porque o mundo parecia concordar que o único caminho de futuro era a democracia participativa, o capitalismo, a economia de mercado. Olhando mais atentamente, percebemos, no entanto, que na ONU coexistem a perspectiva maquiavélica, no Conselho de Segurança – onde reside o poder de decisão e de execução –, enquanto à assembleia geral se reserva um poder consultivo, de emitir recomendações; nem Estados Unidos, nem China aceitaram o Tribunal Penal Internacional, e a Rússia já o deixou; E a Organização Mundial do Comércio é útil na medida em que os grandes países ou blocos comerciais consideram que serve os seus interesses – a China é uma adesão recente e os Estados Unidos ignoram-na, em caso de necessidade, como nas atuais guerras comerciais. Mesmo no quadro da NATO – uma ferramenta por excelência de hard power –, os Estados-membros têm investido mais em posições individuais ou apenas acompanhadas por aliados mais próximos, algumas vezes sem aceitação entre parceiros. Podemos concluir que, afinal, o Estado soberano, teorizado por Jean Bodin, que não reconhece poder igual ao seu dentro das suas fronteiras ou superior fora delas, sempre esteve presente, ainda que dormente, e aquilo a que assistimos agora é a realidade a impor-se a um sonho.



Argélia em risco de mergulhar no caos

Nas últimas semanas, quase toda ou mesmo toda a hierarquia dos serviços de informação, segurança e polícia foi substituída pelo presidente Bouteflika, da Argélia. E dizer que tudo começou com uma inesperada, surpreendente e, pelo visto, providencial apreensão de 701 quilos de cocaína, no fim de Maio passado, no porto de Oran. Uma aprensão de droga de que resulta uma inesperada alteração dos equilíbrios político-securitários, a favor de um moribundo Bouteflika e em detrimento dos generais...

Dos 7 generais que, no início do actual mandato do Boutflika, integravam o top-10 do poder (e que haviam derrotado os islamistas na guerra civil argelina) não resta já nenhum, depois do presidente ter cortado ao seu “grande amigo” Gaid Salah (o CEMGFA berbére que durante anos lhe tem garantido a cadeira presidencial...) os seus serviços de informação e segurança...




E de também ter mandado dizer, há escassos dias, que prepara “reajustamentos” na alta hierarquia militar, no quadro dos preparativos da sua candidatura a novo mandato presidencial (já é o quinto...), nas eleições de Abril próximo.

É um autêntico golpe de Estado conduzido a partir do palácio da Presidência que poderia nem ter consequências de maior se não estivesse a Argélia confrontada com um cenário de caos em todas as suas fronteiras (excepto na marroquina, a oeste, mas nessa há uma fortíssima tensão político-militar...) e se não fossem os homens agora afastados os responsáveis pela segurança do país e, sobretudo, do regime.


A Argélia pode estar assim à beira de também ela mergulhar no caos que a envolve... Um cenário que, há anos, dá pesadelos aos responsáveis das grandes agências ocidentais de inteligência.

Entrevista a Marcelo, breve e imaginária

Então, a entrevista poderia ser assim:

“Pergunta: Hoje em dia pode-se ganhar eleições no Ocidente sem se ser populista?

Marcelo: Não. Não pode...

P. E pode-se ser populista?      

M. Pode mas não se pode... dizer!”

Muito obrigado pela sua lição, senhor Presidente.

Marcelo a meter o bolinho no forno...

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A Farsa Folclórica da “Luta contra o Petróleo no Algarve”


no Jornal da Economia do Mar | Agosto 2018


O que a Plataforma Algarve Livre de Petróleo, o Movimento Algarve Livre de Petróleo, respectivos acólitos e vários autarcas da região pretendem exactamente significar com a expressão, «Algarve Livre de Petróleo», não é fácil de determinar. Querem realmente dizer aquilo que dizem? Não se afigura...

Se quisessem dizer aquilo que dizem, o que a Plataforma Algarve Livre de Petróleo, o Movimento Algarve Livre de Petróleo, respectivos acólitos e vários autarcas da região estariam a dizer é que pretendem ver proibida toda a circulação de veículos com motores a combustão em todo o perímetro do que se pode definir como Região Administrativa do Algarve, bem como, evidentemente, quaisquer navios de Cruzeiro, barcos de pesca ou simples embarcações marítimo-turística ainda não sejam exclusivamente propulsionadas por motores integralmente eléctricos ou, mais tradicionalmente, à vela, sem esquecer, naturalmente, o encerramento de todo o tráfego aéreo, salvo planadores bem como a igual proibição de uso na agricultura de adubos incorporando quaisquer derivados do petróleo, podendo os exemplos multiplicar-se facilmente ad nauseam pelo que bastará ficarmo-nos por aqui.

No limite, porém, querendo mesmo a Plataforma Algarve Livre de Petróleo, o Movimento Algarve Livre de Petróleo, respectivos acólitos e vários autarcas da região dizer verdadeiramente o que dizem, e sendo consequentes, para um Algarve verdadeiramente Livre de Petróleo, não deixarão de vir a exigir ao Governo, com certeza,  igualmente o completo...


domingo, 19 de agosto de 2018

Morte de PQP: Terminou a “Operação Caixa de Sapatos”

O Expresso e a Bloomberg (de Lisboa) conseguiram a proeza de dar a notícia da morte de Pedro Queiroz Pereira sem dizer onde, quando, como e porquê ele se tinha finado.

Um espanto de jornalismo!

Com a morte de PQP, ao cair no seu iate em Ibiza, onde ao que parece estaria de férias, fica definitivamente encerrada a operação de “inteligência económica” que levou à queda de Ricardo Salgado e à implosão do universo BES e GES, a “operação caixa de sapatos” sobre a qual PQP era a única pessoas que possuía uma visão global.

A Polícia Nacional de Ibiza abriu uma investigação às circunstâncias desta morte súbita mas tudo parece indicar que a conclusão deste inquérito será: “acidente”.




sábado, 18 de agosto de 2018

A táctica trotsquista de Pequim em África ou... O “entrismo” chinês nos estados-maiores africanos

O “entrismo” é uma táctica trotsquista, desenvolvida sobretudo pela facção lambertista, que alcançou grandes sucessos. O caso mais conhecido talvez seja o de terem conseguido colocar um militante lambertista, o “camarade Frisé”, como secretário-geral do PS francês... O infiltrado soube desempenhar muito bem a missão e até conseguiu, depois de ser secretário-geral (e como tal ter o controlo total do “aparelho”...), ser presidente do partido. Só o eleitorado o derrotou quando o PSF o candidatou a presidente da República. Nome desse trotsquista? Lionel Jospin. Os maoistas de Pequim adoptaram agora (mudando o que é necessário mudar...) esta táctica para ganharem uma influência decisiva nos aparelhos decisivos dos Estados de África (este duplo do adjectivo “decisivos” não acontece aqui por acaso). Ou seja, a China lançou-se à conquista dos aparelhos militares africanos.



Les officiers africains préfèrent Pékin...

Moins visible que l'activisme des groupes chinois dans le BTP, l'entrisme de Pékin dans les états-majors africains n'en est pas moins réel et inquiète au plus haut point Paris, qui voit l'un de ses traditionnels relais d'influence sur le continent menacé....

http://www.letchadanthropus-tribune.com/tchad-afrique-france-chine-macron-a-la-remorque-de-la-chinafrique-paris-ecrase-par-les-grands-travaux-de-pekin/

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Violações Nucleares do Mar Português pelos "Parceiros Europeus"

O antigo euro-deputado pelos Açores, Paulo Casaca, faz hoje no jornal Tornado afirmações terríveis sobre o uso e abuso do mar português como caixote do lixo nuclear de estados europeus, ao largo da nossa costa norte e algures entre a Madeira e os Açores. Violações que duram há décadas. E está tudo calado...?! Nem o senhor Alberto João Jardim pia...?! Oh, tempora... oh, mores!

Cemitérios nucleares oceânicos

Paulo Casaca, em Bruxelas | 14 Agosto, 2018

Em 1995, quando segundo todas as interpretações que consultei todo e qualquer despejo marinho ou aterro submarino estava proibido, uma empresa suíça procedia à publicidade de venda de espaço submarino para instalar cemitérios nucleares.



As várias recensões sobre despejos nucleares não referem as que foram feitas com objectivos experimentais, embora haja também sobre esse tipo de despejos dezenas de publicações disponíveis na web, com origem nos mais variados departamentos públicos americanos, europeus, da OCDE ou da AIEA, ou dos grupos de trabalho feitos por eles, mais artigos académicos e publicações de outras identidades.

A era do despejo nuclear livre

De acordo com uma recensão histórica feita pela delegação alemã à OSPAR (o nome refere-se às convenções de Londres e Paris) os EUA foram pioneiros no despejo de resíduos nucleares no Oceano, começando em 1946 no Pacífico e em 1949 no Atlântico.

De acordo com uma recente publicação do Wall Street Journal, os efeitos dessas e de outras descargas continuam a fazer-se sentir intensamente nos nossos dias, com os níveis de plutónio a 50 milhas de São Francisco (onde terão sido despejados 50.000 barris de lixo nuclear) a atingir níveis 1000 vezes superiores ao normal.

O cenário não é substancialmente diferente no canal da Mancha ou no mar de Barents, onde foram despejados dezenas de milhares de contentores de resíduos nucleares. Não creio de resto que a situação seja melhor por parte da China, sobre a qual não consegui encontrar qualquer notícia, provavelmente apenas por o país manter maior segredo sobre o que faz.

Vários despejos foram feitos em várias outras localizações, nomeadamente muito perto do arquipélago da Madeira – a crer no mapa da supracitada publicação alemã, a cerca de duzentos quilómetros a leste e a oeste do arquipélago – e também, embora a maior distância da costa, ao largo do Norte de Portugal.

A interpretação da complexa legislação internacional ao abrigo da qual foram proibidos os despejos e nas suas últimas versões também os aterros submarinos, nomeadamente as convenções de Londres, Basileia e da MARPOL e as suas múltiplas emendas, não é unânime, com um volumoso estudo académico americano a sugerir que os aterros submarinos são já possíveis e a supracitada declaração alemã da OSPAR a fixar em 2018 a data em que uma revisão da proibição e das suas condições deverá ser feita.

A título de exemplo, em 1995, quando segundo todas as interpretações que consultei todo e qualquer despejo marinho ou aterro submarino estava proibido, uma empresa suíça procedia à publicidade de venda de espaço submarino para instalar cemitérios nucleares.

O “Great Meteor East”

As várias recensões sobre despejos nucleares não referem as que foram feitas com objectivos experimentais, embora haja também sobre esse tipo de despejos dezenas de publicações disponíveis na web, com origem nos mais variados departamentos públicos americanos, europeus, da OCDE ou da AIEA, ou dos grupos de trabalho feitos por eles, mais artigos académicos e publicações de outras identidades.




A Comissão Europeia, a partir do seu principal centro de investigação, em Ispra, na Itália, tem relatórios anuais precisos publicados sobre as experiências realizadas, por exemplo, o programa de gestão dos resíduos radioactivos de 1986 ou 1987.

A maior parte dos estudos dedica-se às imensas questões técnicas colocadas. São postas em confronto duas, uma que recorre a técnicas semelhantes às petrolíferas de furos em profundidade com a colocação posterior dos silos com o lixo nuclear, e outra baseada em ‘torpedos’ carregados de resíduos nucleares vitrificados que se enterrariam por gravidade.

Houve três áreas estudadas, uma a Oriente do Japão, outra a Nordeste de Porto Rico, e a terceira denominada de “Great Meteor East”, (GME) uma área grande, onde está localizada o grande arquipélago submarino denominado de “Grande Meteoro”, na parte sudoeste da Planície Abissal da Madeira.

Nesta última área foram estudados vários locais, acabando por ser escolhido para o ensaio realizado em 1986, com ‘torpedos’ de resíduos nucleares que supostamente se enterraram na areia submarina por gravidade, um ponto mais preciso, situado a 31.28″N, 25.40″W (medido a olho por mim, qualquer coisa como ~ 600 kms a Sul de Vila do Porto e mais de 700 a Oés-sudoeste do Funchal).

Dos resultados da experiência, vi apenas o primeiro relatório europeu, de 1987, que se referia ao efeito da temperatura e das emissões nucleares de várias substâncias presentes. Sendo que estamos perante substâncias cuja radioactividade dura milhões de anos, é para mim surpreendente que de acordo com a publicação que encontrei com mais informação sobre o mesmo – um relatório da OCDE, que foi a organização que liderou a realização do cemitério nuclear experimental do Great Meteor – se fale num horizonte de 500 anos e que se tenha uma apreciação favorável à continuação dos trabalhos perante vários outros problemas detectados.

Acresce a este facto que o arquipélago submarino do Great Meteor foi indicado pelas autoridades portuguesas como área de interesse ecológico e biológico, sem contudo alguma vez referir estes despejos.

O que se espera das autoridades

Penso que as autoridades portuguesas têm o dever de clarificar junto dos cidadãos a situação dos resíduos nucleares no Atlântico e exigir aos países e às organizações internacionais que realizaram despejos radioactivos, bem como às instituições europeias que neles participaram, um sistema público de acompanhamento global de todas as descargas nucleares submarinas, incluindo as que alegadamente utilizaram o subsolo marinho e as que foram realizadas a título experimental.

Mais, quando a indústria nuclear se perfila de novo no horizonte por todo o mundo, e em especial impulsionada pela China, França e Reino Unido, quando se continuam a amontoar por todo o lado – especialmente nos EUA – milhares de toneladas de resíduos nucleares que ninguém sabe que destino dar, esta questão tem necessariamente de ser vista como de especial importância em Portugal.

Para fazermos um plano que ordene a utilização dos mares, há que começar por entender que o espaço marinho considerado influencia e é influenciado pelos seus espaços marinhos vizinhos e pelo que se passa em terra ou na atmosfera.

É um absurdo querer ordenar o que se passa no mar sem olhar para fenómenos globais que aí têm impacto tão grande como o plástico ou as descargas nucleares, e é também por essa razão que me parece necessário começar de novo o exercício do ordenamento do espaço marítimo nacional.


https://www.jornaltornado.pt/cemiterios-nucleares-oceanicos/

Manifesto Poético de Amin Zaoui Pela Liberdade na Argélia

aqui retomado e divulgado (e registado para memória futura) graças ao corajoso trabalho das “Rebeldes Argelinas”.

Je veux que mon pays ressemble aux pays des impies!

Amin Zaoui


Nous sommes musulmans, donc nous sommes parfaits! Ainsi ronronne ce vieux disque rayé tournant sur un vieux phonographe, depuis des siècles! Et depuis des siècles les musulmans avancent les pieds enfouis dans la boue de leur Histoire et les têtes pendues aux illusions! Sous-développement. Guerres. Famines. Peur. Haines. Dictatures. Théocratie. Prêches. Et hypocrisie. En toute franchise, pourquoi est-ce que je veux que mon pays ressemble aux pays des impies?

Bien que la nouvelle Constitution, les autres anciennes aussi d’ailleurs, nous apprend matin et soir, noir sur blanc, selon l’article 2, que nous sommes musulmans, par naissance, par la force, par la loi ou par la foi, je rêve de voir mon pays ressembler aux pays des impies, similaire aux pays des qoffars!

Je rêve de me réveiller, par un bon matin, à Alger, à Oran, à Constantine ou à Tamanrasset, et voir les rues de nos villes et de nos villages propres et où les gens souriants, confiants en leur avenir, femmes et hommes se précipitent vers le métro pour rejoindre leur lieu de travail à l’heure, dans l’espoir de construire un grand pays appelé l’Algérie ! Comme le font les femmes et les hommes dans les pays des impies!

J’espère me réveiller un jour et voir les sujets dans mon pays devenus des citoyens, des vrais citoyens, loi et droit, comme le sont les citoyens des pays des impies!

J’aime voir les passants traverser les routes en empruntant le passage piéton comme cela se passe au quotidien dans les pays des impies!

Je rêve de voir nos mosquées, et elles sont nombreuses, sans voleurs de chaussures, des prieurs sans bousculades afin d’atteindre les premières rangées, des fidèles venant pour prier Dieu et non pas un responsable ! comme dans les églises et dans les synagogues des impies!

Je rêve de ne plus voir ces fidèles qui font leur sieste dans les mosquées, allongés sur le tapis de la prière avec une pastèque dans les bras, en attendant l’appel à la prière d’el iftar, le mois de carême ! Dans le monde des mécréants, le travail est une prière, chez les musulmans la prière est un travail, et quel travail ? Et c’est pour toutes ces raisons, que je rêve de voir mon pays comme les pays des impies!

Je rêve me réveiller et trouver les bacs de poubelles collectifs à leur place, sans qu’aucune personne nocturne ne les a embarqués dans son camion, comme dans les quartiers des villes des impies!

Je rêve de voir les enfants, fillettes et garçons, de nos écoles, accéder aux bibliothèques, aux théâtres, à la cantine scolaire, au transport scolaire, à l’image des enfants dans les pays des impies!

Je rêve de voir les femmes circuler dans les rues, se rendre à leur travail, sans être harcelées, sans être vues comme un morceau de chair vivante, comme sont vues les femmes dans les pays des impies par les hommes impies!

Je rêve d’entendre ou de lire la nouvelle suivante: «Un haut responsable, de premier rang, a rendu l’âme dans un hôpital de notre pays musulman» à l’image des responsables impies qui décèdent tranquillement dans les hôpitaux des pays impies!

Dès que je regarde le JT du 20 heures, avec ces images choquantes qui défilent à l’écran, ces vagues d’immigrants clandestins se donnant au risque de la Méditerranée, à la mort et au poisson, je pense à la générosité, et je rêve de voir mon pays en un havre humanitaire, une destination des ces embarcations bondées de femmes, hommes et enfants fuyant l’injustice, la pauvreté et les maladies, fuyant leur pays d’islam pour une paix et un refuge aux pays des impies!

Je rêve de me réveiller, par un matin en trouvant mon pays vivre pleinement la démocratie et la diversité ; les fidèles au lieu de se disputer la propriété du Dieu parlent de l’entretien du jardin du quartier, évoquent l’état du vieux qui n’arrive pas à grimper les soixante marches d’escalier, conversent sur le renouvellement du fonds documentaires de la bibliothèque municipale, sur l’amélioration des services des transports en commun, comme le font les fidèles dans les pays des impies!

Se réveiller un jour et voir les partis politiques interdits d’investir dans la religion, comme dans les pays des impies mangeurs de cochon!

Comme dans les villes des impies, je rêve de voir un jour dans nos villes (ou dans ce qui reste de nos villes) mes concitoyens, les femmes et les hommes en couples souriants, en file d’attente devant une salle de cinéma afin de déguster la projection d’un nouveau film, et pas pour acheter un sachet de lait ! comme cela se passe chez les impies dans leurs villes et dans leur vie quotidienne!

C’est pour tout cela que je veux que mon pays ressemble au pays des impies.

Amin Zaoui / Liberté dz / 04-08-2018.

https://www.facebook.com/RebellesAlgeriennes/photos/a.165826227524640.1073741829.165600214213908/294609951312933/?type=3










segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Italianos fazem humor com a política de Salvini frente aos 'migrantes'

Os italianos partilham com os portugueses esta capacidade de fazer humor mesmo (ou sobretudo...) com as coisas sérias. E esta é mesmo muito séria e de longo prazo. Depois da chegada de Salvini (um ex-comunista...) ao governo, o fecho dos portos italianos ao 'negócio' dos 'migrantes' (a segunda maior indústria da Libia, depois do petróleo...) fez derivar mais para ocidente os barcos deste tráfico humano. A leviandade da reacção espanhola ao abrir os portos aos barcos que falhavam a entrada em Itália levou ao aparecimento das "pateras" pelas praias mediterrânicas de Espanha e ao deslocamento para oeste dos pontos de embarque (a indústria deslocaliza-se...).

Marrocos começou, entretanto, a explicar aos europeus que não está a receber a ajuda necessária para controlar as suas fronteiras e poder impedir o trânsito das massas 'migrantes' em movimento... Merkel, face à nova situação, veio passar uma semana de férias à Baixa Andaluzia, ao Parque Natural Donana (munido de um excelentíssimo palácio para convidados de Estado) onde aproveitou para, ao abrigo de olhares indiscretos, negociar com Pedro Sanchez o apoio a Marrocos e... a Espanha. Sim, porque, diz Merkel, "os migrantes são um problema europeu e todos temos de ser solidários". No Donana, atrás de grades, Merkel só viu uns linces, ali em cativeiro para reprodução.


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Gastos loucos? Não para a geração Z


A nova geração de consumidores (a Geração Z, nascida entre 1995 e 2008, marcada pela crise financeira e criada por um smartphone) conhece duas coisas: retalho digital e austeridade… E é, portanto, muito diferente dos  millennials.

Um artigo de Tom Rees  no Telegraph argumenta que “as empresas não estão a conseguir perceber que os dois grupos geracionais são diferentes. De facto, em alguns aspectos, as duas gerações são completamente opostas uma à outra.”



Trump Une a América na Guerra Económica à China

E, oh espanto, a Foreign Policy já tem de o reconhecer! 

"Uma nova atitude em relação à China está tomando forma rapidamente em todo o espectro político dos EUA. O senador Bernie Sanders (I-Vt.) ecoa os argumentos do presidente Donald Trump, condenando a transferência da "nossa" tecnologia para a China e condenando o investimento lá. A senadora progressista Elizabeth Warren (democrata de Massachusetts) está fazendo fila com o ex-estrategista chefe da Casa Branca, Steve Bannon, pedindo uma política "agressiva". Democratas do establishment, como o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, estão apoiando a guerra comercial de Trump com a China. Fieis do livre comércio como o conselho editorial do Wall Street Journal e órgãos do establishment como o Council on Foreign Relations estão encontrando um terreno comum com sindicatos protecionistas como o United Steelworkers e críticos comerciais como o Global Trade Watch. Embora ainda existam diferenças significativas de política e estratégia, aparentemente todos concordam que os chineses estão conduzindo o comércio de uma maneira predatória que fere os negócios e trabalhadores americanos, e que chegou o momento do confronto." Assim escreve a Foreign Policy para quem esta a guerra económica "is a sign of a global system gone badly wrong". Embora, fiel à sua ingénua e linear visão do sistema global, a "FP" logo proponha como "alternativa" uma impossível (num horizonte provável e útil) "genuinely global vision of development".

China Is Cheating at a Rigged Game

The trade war is a sign of a global system gone badly wrong.

BY JAKE WERNER |FOREIGN POLICY | AUG. 8, 2018, 9:29 AM



(Thomas Peter/Getty Images/Leon Neal/Getty Images/iStockphoto/Foreign Policy illustration)

A new attitude toward China is rapidly taking shape across the U.S. political spectrum. Sen. Bernie Sanders (I-Vt.) echoes President Donald Trump’s talking points, decrying the transfer of “our” technology to China and condemning investment there. Fellow progressive Sen. Elizabeth Warren (D-Mass.) is lining up with former White House Chief Strategist Steve Bannon calling for an “aggressive” policy. Establishment Democrats like Senate Minority Leader Chuck Schumer are endorsing Trump’s trade war with China. Free-trade stalwarts like the Wall Street Journal editorial board and establishment bodies like the Council on Foreign Relations are finding common ground with protectionist unions like the United Steelworkers and trade critics like Global Trade Watch. While there are still significant differences of policy and strategy, seemingly everyone agrees that the Chinese are conducting trade in a predatory manner that hurts American business and workers, and that the time for confrontation has arrived.

Curiously absent from these arguments is any analysis of what motivates Chinese policy. In its place we find a crude image of duplicitous Chinese bent on taking advantage of innocent Americans. As Oregon Sen. Ron Wyden, the ranking Democrat on the Senate Finance Committee, put it at a hearing in March: “China has stolen our intellectual property, held American companies hostage until they disclose their trade secrets, and manipulated their markets in a strategic manner to rip off American jobs and industries.” Or as Republican Sen. John Cornyn of Texas said, “We simply can’t let China erode our national security advantage by circumventing our laws and exploiting investment opportunities for nefarious purposes.”

This is an image that resonates in disturbing ways with the long history of anti-Chineseracism in the United States. And just as Chinese immigrants in the 19th century were made a scapegoat for free-market capitalism’s inability to create broadly shared prosperity, so too China is being blamed today for the failure of free-market globalization to achieve inclusive growth.

The emerging confrontation with China is only the latest sign that something has gone seriously wrong in the global economy. China critics are not wrong that the United States and China are now trapped in a zero-sum competition for economic growth. The problem, however, is not Beijing but the structure of the global economy itself. As it becomes increasingly clear that the existing form of globalization has exhausted its potential to advance development, vilifying China has become a substitute for facing honestly the urgent need to transform the nature of global growth.

If Americans simply accept the constraints imposed by the existing structure and try to fight it out within them, then we’re heading into a cycle of steadily accelerating conflict. That’s because, for China, the central question is not trade but development. When understood from this perspective, it becomes clear that the demands Republicans and Democrats are posing are tantamount to cutting off China’s path toward a wealthier society. To the Chinese leadership, this poses an existential threat.

It’s true that the Chinese economy has grown at the highest rate in its history over the last three decades, dramatically improving the standard of living for hundreds of millions of people. Yet most Chinese remain quite poor because they started from such a low income level and because the wealth has been distributed in a highly unequal manner. One recent report put the median household income, adjusted for purchasing power, at $6,180. That figure in the United States stands at $43,585—more than seven times higher.

While many of China’s coastal provinces have attained a high degree of development, huge swathes of the interior remain mired in low-productivity smallholder agriculture.

While many of China’s coastal provinces have attained a high degree of development, huge swathes of the interior remain mired in low-productivity smallholder agriculture.

Even in Shanghai, China’s richest city, a large majority of workers are employed in low-paying occupations, often working 12 or more hours a day doing backbreaking work on construction sites, working in sweatshops under dangerous conditions, running tiny shops on razor-thin margins, doing sex work, sweeping the streets, or scavenging trash.

The struggle to make a decent life under conditions of intense competition and general scarcity has made social unrest a chronic condition in China. The government no longer releases statistics on the number of strikes and protests, and the official media outlets rarely cover them, but there is little doubt that discontent is both broad and deep. China Labour Bulletin’s unofficial tally of labor disturbances stood at 1,257 for 2017 and rose to 1,063 in the first seven months of 2018. Since these numbers reflect only the cases accessible online, largely via social media, the monitoring group believes the real number might be 10 to 20 times higher.

Chinese leaders have concluded that the only way to manage this dangerous instability is to continue the current trajectory of development and maintain China’s movement to higher-value production. What they fear above all else is that China might fall into the “middle-income trap,” in which a country’s developmental trajectory levels off and stagnates well short of advanced status. Countries such as Egypt, Thailand, and Brazil are mired in such a condition, frustrating the aspirations of their people and giving rise to widespread political turmoil.

China’s leaders are intensely aware of this experience as well as earlier Chinese precedents, including the Tiananmen Square protests of 1989 that were fueled by high inflation and economic dislocation. Several years ago, Wang Qishan—often considered the second-most powerful man in China—made Alexis de Tocqueville’s The Old Regime and the Revolution required reading for top cadres, warning explicitly that China’s current situation resembled that of France on the eve of revolution.

Feeling their backs against the wall, no amount of pressure from the United States will convince Chinese leaders to give up their development strategy. But why should they? Raising a country from poverty and increasing opportunities for everyone should not be controversial goals. Why, then, are so many in the United States jumping at the chance to condemn China for it? The answer is that, under the existing form of globalization, the only way to achieve development is to “cheat”—where cheating is defined as significant state intervention in the market economy. The only major countries that have achieved a developmental breakthrough are precisely those that have manipulated the terms on offer by the global economy.

The African country houses a key U.S. military base, making it a particular concern for Washington. 

The record of growth over the last three decades of globalization demonstrates this. The chart below shows one measure of development for the poor and middle-income countries with the largest populations. Of these, only China has seen dramatic and sustained growth in per capita GDP. In contrast, other countries have shown modest increases in incomes, but no developmental breakthrough. The general structure of their economies remains stagnant—either subsisting in abject poverty or stuck far short of wealthy countries.

The post-World War II era of global growth, more accommodating of state-led investment regimes, saw countries such as Brazil and Mexico achieve rapid development. But in the age of free-market globalization, poor countries’ only chance at development has been attracting foreign investment into manufacturing industries for export to the rich world. The other significant alternative, export of primary goods from oil to copper to soybeans, has enriched certain people in poor countries but has generally failed to translate into broad-based growth because of the rapid boom-bust cycles and limited employment gains of these markets.


Export of manufactures as a development strategy was pioneered by Japan, South Korea, and Taiwan in the 1960s and 1970s. As Cold War allies of the United States prior to the re-imposition of free-market ideology, these governments were given wide latitude in directing resources toward strategic industries. Equally significant, they faced very limited competition in the field of low-cost exports.

As more and more countries were integrated into the free-market globalization regime beginning in the early 1980s, competition for investment and export markets grew ever fiercer. The more countries that employed the strategy, the harder it was for any single country to accumulate the capital it needed to fundamentally remake its economy and achieve a sustained increase in wealth. And unlike the consciously coordinated development planning of the postwar era, the free market tends to channel resources to those who are already well-off because they promise the highest returns. As a result, three-fifths of foreign investment in the globalization era has gone to one-eighth of the world’s population residing in the rich countries.

Since global consumer markets remained stubbornly limited, poor countries were forced into intense competition against each other. Pursuing development through sweatshops meant that only those countries that maintained cheap labor would successfully draw foreign investment. Should the price of labor begin to rise—which is to say, if economic growth started to translate into a better life for the people doing the work—then foreign investment would move elsewhere.

As a result, many countries saw an influx of investment that left no enduring legacy because capital quickly departed when workers started making demands or when cheaper options opened up. Mexico, for example, has seen several waves of large-scale foreign investment. Yet wages have been flat for over a decade, the poverty rate is stuck at over half the population, and the share of employment in manufacturing is the same today as it was in 1960.

China escaped this trap precisely because it had the wherewithal to cheat while playing this rigged game.

When China entered the developmental competition in the 1980s, it boasted an exceptionally disciplined and literate workforce, unusually advanced infrastructure, and a highly diversified industrial landscape compared to others at the same level of development. These legacies of the Communist revolution and the planned economy provided an ideal setting for sweatshop production when they were made available to foreign capital. From 1989 to 2016, China drew one-fifth of all foreign direct investment into developing countries.

China escaped this trap precisely because it had the wherewithal to cheat while playing this rigged game.

But investment alone does not produce development. Latin America, over the same period, drew an even larger share of FDI to developing countries—one-fourth—without achieving the explosive growth seen in China.

Like the leadership of most poor countries, the Chinese Communist Party endorsed development as a central goal of its rule. But in other countries, power is most often organized through fragmented patron-client networks, which are connected only parasitically to productive enterprise. In contrast, the Chinese state is unusually centralized and possesses an unusual degree of control over the economy.

China is certainly not innocent of patronage and corruption, but in the top-down party-state system, officials rise in the ranks by achieving good macroeconomic statistics and contributing to centrally determined industrial policy. Because of the close connection between officials and business, patronage can be pursued through productive investment rather than merely through extraction of resources.

The Communist Party has cultivated market forces to discipline the labor force and individual firms yet has maintained its own ability to supervise broad investment patterns. By coercing capital to build up strategic industries and expertise, the leadership has steadily moved the economy, sector by sector, toward increasingly advanced production. From toys and textiles, on to steel and chemicals, then to autos and aviation, and now to information technology and advanced robotics, the state has steadily driven production upward.

If this exceptional vision and state capacity provided the impetus for Chinese development, it was China’s uniquely strong bargaining position that allowed the state to make good on its plans. The huge and rapidly growing China market convinced major foreign corporations to invest on terms negotiated with the state rather than unilaterally imposing their own conditions, as they did with manufacturing in Latin America or extractive industries in Africa. Most prominently, China required foreign corporations entering the domestic market to participate in joint ventures with Chinese companies, which allowed domestic firms to learn the managerial and technological practices of the developed world. China also established regulations that secure favorable terms for Chinese enterprises licensing the technologies of foreign firms.

The Chinese government and some individual Chinese companies have also gained access to advanced technology through industrial espionage. In this, they were following a path trod by every other economically successful country—not least the United States. In the late 18th and early 19th centuries, the young and technologically backward United States engaged enthusiastically in smuggling and theft of cutting-edge production techniques from Great Britain.

Yet outright theft plays a minor role in China’s strategy. Not even U.S. Trade Representative Robert Lighthizer, a hard-line China hawk, pretends that industrial espionage is the primary component in China’s successful acquisition of advanced technology. The USTR’s report on its Section 301 investigation of China’s “unfair technology transfer regime” concentrates overwhelmingly on transfers achieved through joint ventures, licensing regulations, and Chinese firms’ purchase of foreign companies—none of which would have occurred if the foreign companies involved were unwilling to make the deals. Each is simply another case of the general market principle that actors with greater bargaining power will always strike better deals for themselves. In the final analysis, China gained access to advanced technologies not by “cheating” but because it was not as fatally weak as others similarly hoping to break the monopoly of the rich countries on high-productivity techniques.

Yet China’s development strategy has come at a terrible cost. Beijing’s need for foreign investment coincided with a long-term campaign by corporations in the United States, Europe, and Japan to drive down wages and break the power of unions. The availability of cheap Chinese labor allowed those corporations to force workers to accept stagnant pay and deteriorating working conditions under threat of moving production abroad, materially contributing to the collapse of the social contract in the developed countries. China’s strategy has also foreclosed the possibility of development for other poor countries.

Here again, the power of the Chinese state secured an important advantage over competitors, not just in providing to foreign capital a cheap and disciplined labor force and unusually high-quality infrastructure, but also by maintaining a low exchange rate for the yuan. This preserved a price advantage for Chinese exports that sidelined other countries.

China’s strategy has also foreclosed the possibility of development for other poor countries.

Not least, the Chinese people have also suffered greatly. Because export-led growth required intense exploitation of the workforce, China has systematically dismantled the power of labor. As a result, Chinese workers have endured decades of dangerous conditions, poor pay, routine wage theft, and constant indignities at work. In 2017, a horrifying 38,000Chinese workers died in workplace accidents.

Though development has expanded economic opportunities for most Chinese, the top-down, centralized system that was necessary to achieve development under free-market globalization has harshly circumscribed other realms of freedom in China. With rising wealth has come endemic corruption, deteriorating public services, and a sharp upward distribution of wealth. As ordinary people have been increasingly exposed to market forces, they have faced intensifying competition, rising insecurity, and the breakdown of trust and community that accompanies such a condition. Development has undermined rather than advanced its prospects of democratization.

These problems are not unique to China. Free-market globalization has pitted the workers of all countries against each other in a race-to-the-bottom dynamic. Blame for the consequences should fall neither on the winners nor the losers of this struggle. The problem is the structure of the global economy itself.

Overcapacity is a real issue, as is the tough competition that China’s planned development of high-tech production may pose for the most dynamic sectors of the U.S. economy. But rather than blocking development in China, a new form of globalization could attack these problems by raising wages and productivity around the world. The nationalist approach tries to limit competition by restricting supply, while the alternative would address overcapacity and limited markets by expanding demand.

But such a solution requires a far deeper rethinking of global growth than politicians on either left or right have contemplated. It requires an end to the race to the bottom: a global regime of labor rights that would distribute the gains from growth more broadly and, at the same time, force corporations to compete by investing in their workers rather than by degrading the conditions of employment. It also requires significant investments in the billions of people currently starved of capital—investments that the free market has refused to make—that would transform those trapped in the slums, the ghettos, and impoverished rural areas into the workers and consumers of tomorrow.

Scapegoating China threatens to strangle free-market globalization without establishing anything to take its place—an approach that can only lead to a vicious cycle of rising economic dysfunction and nationalist conflict feeding on each other and pushing the world in a very dangerous direction. A different path will require confronting powerful interests, in the United States and China alike, that have suppressed the political voice of labor for decades. Against zero-sum nationalist thinking, the alternative is a genuinely global vision of development.

Jake Werner is a historian of modern China with interests in the twentieth-century global history of capitalism, labor, urban space, and everyday life

https://foreignpolicy.com/2018/08/08/china-is-cheating-at-a-rigged-game/

Pessoa a viajar pelo mundo... A vida é pouco aos bocados

O senhor Fernando Pessoa (que a 13 de Junho comemorou mais um aniversário, esquecendo mais uma vez a recomendação do senhor João de Deus) não pára nas suas deambulações pelo mundo. Agora, encontrámo-lo por França... Salut à toi, le poète!


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Verdade, Pintura e Reacções “Moralistas”

“Truth coming from the well armed with her whip to chastise mankind” is an 1896 painting by the French artist Jean-Léon Gérôme. Em baixo, pode apreciar-se a pudibunda e provinciana versão tipo Facebook... O original de Gérôme pode ser visto aqui.

‘La Vérité sortant du puits armée de son martinet pour châtier l’humanité’, by Jean-Léon Gérôme (1896), versão tipo Facebook

Dois anos depois e dado o ululante “debate” provocado pela “Verdade” de Gérôme e as histéricas reacções dos Zuckas da altura, surge em 
1898 “In Nec Mergitur” (Nor is she submerged or La Vérité sortant du puits) "by Édouard Debat-Ponsan, clerical reaction is attempting to pull Truth back into the well". A ver aqui.

122 anos depois, o moralismo patético do Zuckas do Face parece querer que a verdade volte para dentro do poço! O Zuckas não deve ter reparado que ela traz um chicote na mão... Accionistas e mercados, porém, já estão a reparar.

Acabou a ilusão globalista... A geopolítica volta a governar o mundo

Durou 3 décadas o tempo da “globalização feliz”, abriu-se em Berlim e fechou-se em Moscovo. Começou com a queda de um muro e acabou com uma ...