António Costa e Rui Rio estão com o tempo a esgotar-se. Eles têm apenas escassos dias para resolver o que é sempre um autêntico "quebra-cabeças": a escolha dos cabeças de lista dos círculos eleitorais. O assunto será este fim de semana matéria de primeira página (e aí será objecto de recados vários...) e de conversas de café. No início da próxima semana, Costa deverá anunciar as suas escolhas. E Rio terá também de o fazer.
Curiosamente, as coisas apresentam-se mais claras (mas não mais simples...) no PSD. Rio vai ter de renovar, de cima a baixo, o seu grupo parlamentar e há quem afirme a pés juntos que dois terços dos "cabeças de lista" (cdl) vão ter novas caras. As "legislativas" são assim um momento para dar uma vassourada nos resíduos do "passismo" e renovar o PSD. Ou seja, para Rio continuar a avançar no seu natural "take over" sobre o partido.
No PS, as coisas são mais simples (mas estão por enquanto menos claras...). Costa há muito que finalizou o seu "take over" mas tem ainda de arrumar (na reunião de hoje da Comissão Nacional) a questão dos "critérios" para a escolha dos "cabeças de lista" e meter na gaveta a "modernice" das "primárias". Uma "modernice" que, em França, foi o maior responsável pela implosão do PSF, levando os socialistas a passarem, em 2 anos, de partido hegemónico a coisa residual...).
A razia de Rio nos "cdl" não terá equivalente no PS. Mas há figuras históricas que vão desaparecer, casos,por exemplo, de Fernando de Jesus, no Porto, e de João Soares, em Lisboa. Ambos por vontade própria.
Há também círculos eleitorais em que a escolha do "cdl" não está fácil. Casos, por exemplo, do Algarve (onde o algarvio Mário Centeno arrasa mas o "aparelho" socialista tem outra preferência mais "caseira"...) ou caso de Santarém, onde Costa gostaria de ver a sua amiga Maria do Céu Albuquerque (ex-presidente da Câmara de Abrantes e actual secretária de Estado do Desenvolvimento Regional) mas que vários "casos" dos seus tempos de autarca comprometem e fragilizam...
Esta campanha eleitoral vai decorrer numa perigosíssima conjuntura global que é uma enorme ameaça para uma pequena economia (estupidamente) aberta, "desarmada" e, portanto, desprotegida e à mercê de qualquer pequeno "espirro" do exterior. Os seus protagonistas, os "cdl" dos círculos eleitorais e outros dirigentes políticos desta campanha têm por isso (mesmo que nem o saibam...) uma responsabilidade acrescida perante o País que somos e perante a História. As suas propostas políticas e o sentido estratégico que elas façam (ou, mais facilmente, não façam...) será obviamente julgado.
Pelo que, sobre a matéria, tem sido dito até hoje pelo PR Marcelo, pelo Governo e pelas oposições, não há razões para entusiasmos. Todos continuarão a falar das habituais banalidades, como a de "exportar mais" (mas não de exportar melhor), de aumentar o peso das exportações no PIB (mas não de aumentar o preço da tonelada exportada nem de subir na cadeia de valor) e etc., etc. Oxalá nos enganemos. Para a semana, pelas caras apresentadas por Costa e Rio já veremos se apareceu alguma alma que inspire uma pontinha de optimismo...
Geopolítica, Inteligência e Estratégia são três das palavras cuja presença no discurso político dos próximos meses valerá a pena monitorizar e contabilizar. Já o nosso velho Camões (autor do primeiro tratado de Geopolítica global que dissimulou em magnífica poesia épica) avisava "Que um fraco Rei faz fraca a forte gente"... E, pelo uso das três referidas palavrinhas, se poderá aquilatar da nossa "classe reinante".
Felizmente! Costa vai escolher um terço dos futuros deputados do PS
ResponderEliminarAntónio Costa terá direito a escolher todos os cabeças de lista e que a comissão política nacional, sob proposta de António Costa, “designará, indicando o seu lugar de ordem, 30% do número total de deputados eleitos na última eleição”. Nas últimas legislativas, de 2015, o PS elegeu 86 deputados.
Ao todo são oito os critérios para a elaboração das listas, sendo um deles que acautela o trabalho de alguns deputados que agora cessam a legislatura e a sua fidelidade ao grupo parlamentar liderado por Carlos César. Diz o documento que “as federações deverão ter em consideração a capacidade de representação e de compromisso com a actividade do grupo parlamentar, nomeadamente a dedicação no exercício do mandato, a sua capacidade de representação e o empenhamento demonstrado”.
https://www.publico.pt/2019/06/28/politica/noticia/costa-vai-escolher-terco-futuros-deputados-ps-1877999