segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

What a Wonderful War!

Quem é que pediu uma guerra biológica de baixa intensidade mas altamente disruptiva e disruptora...?

Quando John Robb publicou, em 2007, o seu "Brave New War" não imaginava talvez que o seu inovador conceito de "disruption" (“the use of systems disruption as a method of strategic warfare") pudesse saltar dos conflitos com "small, ad hoc bands of like-minded insurgents" para os "state-against-state conflicts", para os conflitos estratégicos entre "great powers"... E, no entanto, praticamente ao mesmo tempo, dois estrategistas chineses, os coronéis Qiao Liang et Wang Xiangsui, tinham elaborado (mas de circulação muito restrita...) a sua obra sobre a arte da guerra assimétrica, traduzida em inglês (a partir de um exemplar conseguido na China pela inteligência americana) com o esclarecedor título "Unrestricted Warfare: China's Master Plan to Destroy America". 


Nesta obra, o conceito de "disruption", elaborado em paralelo por Robb, está ausente. Mas uma leitura atenta revela rapidamente que, embora não conhecendo o conceito, os dois coronéis chineses deu a máxima importância à sua realidade... E que essa realidade de "disruption" é uma das componentes da resposta que eles encontram para derrotar um inimigo que não está ao seu alcance numa guerra convencional.

O que Robb estava a ver nas pequenas guerras dos bandos terroristas foi avocado pelos coronéis chineses para o seu tabuleiro estratégico, para o tabuleiro de um "grande". Agora, no início deste século XXI, a coisa mudou de escala e a importância do conceito aumentou exponencialmente...

A nova guerra chinesa é definida por Qiao Liang et Wang Xiangsui como uma "guerre combinée hors limites sur le mode latéral-frontal". Na sua leitura desta estratégia chinesa, a École de Guerre Économique destaca alguns dos seus aspectos-chave, com algumas esclarecedoras citações: 

«Aujourd’hui, le terrain de la guerre a dépassé les domaines terrestre, maritime, aérien, spatial et électronique pour s’étendre aux domaines de la sécurité, de la politique, de l’économie, de la diplomatie, de la culture et même de la psychologie…» 

«Il n’existe plus de domaine qui ne puisse servir la guerre et il n’existe presque plus de domaines qui ne présentent l’aspect offensif de la guerre.» 

«Le champ de bataille de la guerre hors limites n’est pas le même que par le passé puisqu’il comprend tous les espaces naturels, l’espace social et l’espace en pleine croissance de la technologie, tel l’espace nanométrique. Désormais ces différents espaces s’interpénètrent.»

«Si nous voulons nous assurer la victoire dans les guerres à venir nous devons mener une guerre affectant tous les domaines de la vie du pays concerné sans que l’action militaire en soit l’élément dominant. Dans les guerres du futur, les moyens militaires ne seront qu’un choix parmi d’autres.»


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