Passadas 3 décadas, uma enorme mudança geopolítica altera radicalmente o sistema de alianças na Europa e os Habsburgos (afastados da Península pelos Boubons franceses) tornam-se o nosso grande aliado continental, criando-se assim o eixo Lisboa-Viena. Uma aliança selada por muitos casamentos, uns reais e outros nem tanto. Até o senhor Sebastião José de Carvalho e Melo casou em Viena... É já no quadro desta nova aliança (que tem em Londres o outro vértice) que as tropas portuguesas comandadas pelo Marquês de Minas entram em Madrid e ocupam esta capital para apoiar o seu candidato ao trono (um Habsburgo) contra o Bourbon imposto por Paris.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
Ucrânia: Alain Juillet põe os pontos nos ii enquanto nos revela os bastidores da grande desordem global
O nosso velho amigo Alain Juillet decidiu pôr os pontos nos ii sobre o que se passa na Ucrânia, um "caso" que não é em si o "problema" mas o "revelador" do que está em curso nos bastidores da desordem global. Uma entrevista (a ver/ouvir, sem falta) em que Alain Juillet:
- mostra como na guerra económica feita pelos europeus à Rússia são os europeus que estão a perder, enquanto os russos se estão a sair muito melhor, e como as consequências, não esperadas nem desejadas, das "sanções" podem ser terríveis para o sistema financeiro global .
- diz que Zelenski "não é completamente estúpido" e "de um triste comediante transformou-se em chefe de guerra", explica toda a situação estratégica da Ucrânia, sem romantismos nem emoções mas com a melhor informação e toda a lucidez e as grelhas de leitura necessárias.
- põe a nu a imensa incompetência na definição das políticas energéticas, francesas e europeias, e a hipocrisia reinante na aquisição do petróleo russo (que continua...) não à Rússia mas à India que o compra à Rússia e o revende à Europa (com lucro, obviamente)...
- afirma que o "couple France-Alemanha" já deixou de existir pois "explodiu em vôo", chama mentirosa a Merkel, explica o seu triplo jogo e dá uma muito interessante resposta à questão "estamos nós em guerra?"
- da senhora "presidenta" europeia Ursula Von der Leyen (não-eleita mas imposta por Berlim), afirma que o mínimo que se pode dizer é que ela "não é imaculada" e que ninguém fala do escândalo de corrupção, em Itália, com o marido dela, tal como já se esqueceu o escândalo que a levou a demitir-se de ministra da Defesa da Alemanha.
- pelo caminho esclarece ainda o caso do balão espião chinês (e, sobretudo, as suas consequências...) e, na sequência, desembrulha o enigma do relacionamento China/Taiwan.
Em suma, um show de inteligência e lucidez (de um ponto de vista francês, claro) como poucos europeus o podem ou sabem fazê-lo.
Alain Juillet: Ucrânia, nos bastidores da desordem global
TVL | 11/02/2023
Alain Juillet (alto funcionário responsável da inteligência económica junto dos primeiros-ministros franceses de 2003 a 2009 (Jean-Pierre Raffarin, Dominique de Villepin e François Fillon), ex-oficial dos comandos pára-quedistas da SDECE, antecessor da DGSE, e ex-patrão da DGSE) olha para este mundo em plena transformação, uma transformação sem dúvida acelerada pela guerra na Ucrânia iniciada em 2014.
Quase um ano após a invasão das tropas russas em 24 de fevereiro de 2022, a situação está ficando enquistada no local e os homens de ambos os lados estão caindo em uma guerra fratricida que poderia ter sido evitada. Por sua vez, os Estados membros da União Européia sabotam-se a si mesmos, para grande deleite de seus adversários económicos e comerciais.
Enquanto a França de Emmanuel Macron segue zelosamente as decisões belicosas da União Europeia tomadas pela não eleita presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, a população está ficando mais pobre com o aumento do custo da energia. Enquanto Bruno Le Maire prometia o colapso da economia russa, prevendo abertamente o pior para a população, foi em Paris que a inflação disparou.
(...)
A economia planetária vê assim as cartas redistribuídas com uma forte queda do dólar no comércio, contra um yuan em expansão e um rublo em crescimento. Uma convulsão geral de que tanto a Europa como a França sairão fortemente enfraquecidas e privadas de parceiros.
https://www.youtube.com/watch? v=_2tpMezX6Yg
- diz que Zelenski "não é completamente estúpido" e "de um triste comediante transformou-se em chefe de guerra", explica toda a situação estratégica da Ucrânia, sem romantismos nem emoções mas com a melhor informação e toda a lucidez e as grelhas de leitura necessárias.
- põe a nu a imensa incompetência na definição das políticas energéticas, francesas e europeias, e a hipocrisia reinante na aquisição do petróleo russo (que continua...) não à Rússia mas à India que o compra à Rússia e o revende à Europa (com lucro, obviamente)...
- afirma que o "couple France-Alemanha" já deixou de existir pois "explodiu em vôo", chama mentirosa a Merkel, explica o seu triplo jogo e dá uma muito interessante resposta à questão "estamos nós em guerra?"
- da senhora "presidenta" europeia Ursula Von der Leyen (não-eleita mas imposta por Berlim), afirma que o mínimo que se pode dizer é que ela "não é imaculada" e que ninguém fala do escândalo de corrupção, em Itália, com o marido dela, tal como já se esqueceu o escândalo que a levou a demitir-se de ministra da Defesa da Alemanha.
- pelo caminho esclarece ainda o caso do balão espião chinês (e, sobretudo, as suas consequências...) e, na sequência, desembrulha o enigma do relacionamento China/Taiwan.
Em suma, um show de inteligência e lucidez (de um ponto de vista francês, claro) como poucos europeus o podem ou sabem fazê-lo.
Alain Juillet: Ucrânia, nos bastidores da desordem global
TVL | 11/02/2023
Alain Juillet (alto funcionário responsável da inteligência económica junto dos primeiros-ministros franceses de 2003 a 2009 (Jean-Pierre Raffarin, Dominique de Villepin e François Fillon), ex-oficial dos comandos pára-quedistas da SDECE, antecessor da DGSE, e ex-patrão da DGSE) olha para este mundo em plena transformação, uma transformação sem dúvida acelerada pela guerra na Ucrânia iniciada em 2014.
Quase um ano após a invasão das tropas russas em 24 de fevereiro de 2022, a situação está ficando enquistada no local e os homens de ambos os lados estão caindo em uma guerra fratricida que poderia ter sido evitada. Por sua vez, os Estados membros da União Européia sabotam-se a si mesmos, para grande deleite de seus adversários económicos e comerciais.
Enquanto a França de Emmanuel Macron segue zelosamente as decisões belicosas da União Europeia tomadas pela não eleita presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, a população está ficando mais pobre com o aumento do custo da energia. Enquanto Bruno Le Maire prometia o colapso da economia russa, prevendo abertamente o pior para a população, foi em Paris que a inflação disparou.
(...)
A economia planetária vê assim as cartas redistribuídas com uma forte queda do dólar no comércio, contra um yuan em expansão e um rublo em crescimento. Uma convulsão geral de que tanto a Europa como a França sairão fortemente enfraquecidas e privadas de parceiros.
https://www.youtube.com/watch?
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Como acabam as potências marítimas...
Esperemos (mas sem descuidar a permanente monitorização e uma acertada leitura dos "sinais fracos") que a actual potência marítima não sofra, nestes tempos, do mesmo mal...
Por falar de "weak signals", o meu amigo John Robb* tem um "péssimo" hábito que vem a revelar há mais de 30 anos: ter razão antes de tempo!
Há 5 anos já, o John alertava para "Headed towards Collapse
"Over the last several weeks we've seen a rapid diminishment in the fictive kinship that unites us as Americans. In fact, many of us don't just disagree with other Americans. We see them as existential threats."
Depois disso, tem sido o que se tem visto e... muito mais!
*John served as a pilot in a tier-one counter-terrorism unit that worked alongside Delta and Seal Team 6.
He wrote the book Brave New War on the future of national security, and has advised the Joint Chiefs of Staff, NSA, DoD, CIA, and the House Armed Services Committee.
John is an author, inventor, entrepreneur, technology analyst, astro engineer, and military pilot. He’s started numerous successful technology companies, including one in the financial sector that sold for $295 million and one that pioneered the software we currently see in use at Facebook and Twitter.
John is an author, inventor, entrepreneur, technology analyst, astro engineer, and military pilot. He’s started numerous successful technology companies, including one in the financial sector that sold for $295 million and one that pioneered the software we currently see in use at Facebook and Twitter.
John’s insight on technology and governance has appeared on the BBC, Fox News, National Public Radio, CNBC, The Economist, The New York Times, The Wall Street Journal, and BusinessWeek.
https://www.jimruttshow.com/john-robb/
https://www.jimruttshow.com/john-robb/
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023
OVNIS À MODA DE PEQUIM
Os balões chineses, afinal, são às dezenas a voar por cima de "mais de 40 países em 5 continentes"... equipados de captores activos capazes "de proceder a operações de colecta de informações pela intercepção de comunicações electro-magnéticas".
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
sábado, 4 de fevereiro de 2023
Ataque ao Império Adani: Como fazer desaparecer 100 mil milhões numa semana...
Parece uma estória saída de um exercício de um grupo de trabalho da minha escola preferida, a EGE (École de Guerre Économique), do tipo "como afundar a Walmart" ou "como reduzir a metade o preço das acções da empresa X". Só que não é apenas um exercício, é mesmo uma coisa real, que chega da India, como relata o L'Express:
Scandale Adani: comment le colosse indien a perdu 100 milliards de dollars en moins de 10 jours
Le 25 janvier, la jeune et modeste firme américaine Hindenburg Reasearch - nommée après le crash désastreux du Zeppelin en 1937 et connue pour s’attaquer à des sociétés de haut vol - publie un nouveau rapport explosif. Elle accuse le colosse Adani de fraude massive.
Elle affirme que l’entreprise a manipulé ses bénéfices grâce à des transactions non divulguées durant plusieurs décennies, pour "maintenir l’apparence de bonne santé financière et de solvabilité" de ses filiales cotées en Bourse. Selon Hindenburg, le frère aîné du fondateur, Vinod Adani, "par l’intermédiaire de plusieurs associés proches, gère un vaste réseau d’entités fictives offshore".
Le rapport pointe également la responsabilité du gouvernement qui, par son "indulgence à l’égard du groupe", aurait permis une fraude au grand jour, et empêché la presse et les institutions du pays de remettre en question le comportement du groupe Adani par "peur de représailles".
Cinq jours plus tard, l’empire Adani répond dans un rapport de plus de 400 pages à Hindenburg Research. Il y rebaptise l’entreprise américaine les "Madoffs de Manhattan", en référence à l’homme d’affaires américain véreux Bernard Madoff. Le groupe retourne l’accusation, et assure que cette révélation "est en proie à des conflits d’intérêts et vise uniquement à créer un faux marché de titres pour permettre à Hindenburg, un vendeur à découvert reconnu, de réaliser un gain financier massif par des moyens illicites au détriment d’innombrables investisseurs".
Après avoir nié la divulgation de transactions frauduleuses, le communiqué ajoute que "ce n’est pas seulement une attaque injustifiée contre une entreprise spécifique, mais une attaque calculée contre l’Inde, l’indépendance, l’intégrité et la qualité des institutions indiennes, ainsi que l’histoire de la croissance et l’ambition de l’Inde".
Seja como for, o diversificado e poderosíssimo grupo económico do homem mais rico da India e terceiro mais rico do mundo, viu 100.000 milhões evaporarem-se, numa semana. E isto foi só o início da tempestade...
Uma muito bem montada manobra de guerra de informação (não esquecer que a guerra de informação é hoje o principal fornecedor de instrumentos, métodos e técnicas à guerra económica e à guerra política...), que deve ter custado uns escassos milhões, permitiu certamente, a alguns felizardos, encaixes de largos milhares de milhões. Onde mais há investimentos com ROIs desta dimensão?
https://www.lexpress.fr/economie/scandale-adani-comment-le-colosse-indien-a-perdu-100-milliards-de-dollars-en-moins-de-10-jours-C6CYSNJSZND3PAHWRJRROYPYOQ/
Scandale Adani: comment le colosse indien a perdu 100 milliards de dollars en moins de 10 jours
Le 25 janvier, la jeune et modeste firme américaine Hindenburg Reasearch - nommée après le crash désastreux du Zeppelin en 1937 et connue pour s’attaquer à des sociétés de haut vol - publie un nouveau rapport explosif. Elle accuse le colosse Adani de fraude massive.
Elle affirme que l’entreprise a manipulé ses bénéfices grâce à des transactions non divulguées durant plusieurs décennies, pour "maintenir l’apparence de bonne santé financière et de solvabilité" de ses filiales cotées en Bourse. Selon Hindenburg, le frère aîné du fondateur, Vinod Adani, "par l’intermédiaire de plusieurs associés proches, gère un vaste réseau d’entités fictives offshore".
Le rapport pointe également la responsabilité du gouvernement qui, par son "indulgence à l’égard du groupe", aurait permis une fraude au grand jour, et empêché la presse et les institutions du pays de remettre en question le comportement du groupe Adani par "peur de représailles".
Cinq jours plus tard, l’empire Adani répond dans un rapport de plus de 400 pages à Hindenburg Research. Il y rebaptise l’entreprise américaine les "Madoffs de Manhattan", en référence à l’homme d’affaires américain véreux Bernard Madoff. Le groupe retourne l’accusation, et assure que cette révélation "est en proie à des conflits d’intérêts et vise uniquement à créer un faux marché de titres pour permettre à Hindenburg, un vendeur à découvert reconnu, de réaliser un gain financier massif par des moyens illicites au détriment d’innombrables investisseurs".
Après avoir nié la divulgation de transactions frauduleuses, le communiqué ajoute que "ce n’est pas seulement une attaque injustifiée contre une entreprise spécifique, mais une attaque calculée contre l’Inde, l’indépendance, l’intégrité et la qualité des institutions indiennes, ainsi que l’histoire de la croissance et l’ambition de l’Inde".
Seja como for, o diversificado e poderosíssimo grupo económico do homem mais rico da India e terceiro mais rico do mundo, viu 100.000 milhões evaporarem-se, numa semana. E isto foi só o início da tempestade...
Uma muito bem montada manobra de guerra de informação (não esquecer que a guerra de informação é hoje o principal fornecedor de instrumentos, métodos e técnicas à guerra económica e à guerra política...), que deve ter custado uns escassos milhões, permitiu certamente, a alguns felizardos, encaixes de largos milhares de milhões. Onde mais há investimentos com ROIs desta dimensão?
https://www.lexpress.fr/economie/scandale-adani-comment-le-colosse-indien-a-perdu-100-milliards-de-dollars-en-moins-de-10-jours-C6CYSNJSZND3PAHWRJRROYPYOQ/
Alain Juillet e o almirante Jean Dufourcq: A Ucrânia como nunca tinha sido explicada
Dois monstros da "intelligence" e da estratégia esclarecem tudo sobre a Ucrânia.
Claro que falam do ponto de vista deles, do seu local de observadores e dos seus interesses. Mas ouvir quem sabe do que fala e sabe falar, para além de ser um desafio intelectual, faz-nos perceber a dimensão de "papagaios" e de "canalizadores" que têm os "especialistas" (há excepções, poucas, é certo, mas há algumas) que se instalaram nos
nossos écrans de televisão.
Alain Juillet é ex-patrão da DGSE, a secreta francesa, e o almirante Jean Dufourcq trabalhou nos mais altos escalões de definição de estratégias da NATO.
https://www.youtube.com/watch?v=KEzmzBc2Rpo
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